Norma da DGS para nutrição entérica e parentérica no ambulatório é “histórica”

Portugal regista mais de 115 mil doentes com necessidade de nutrição entérica e parentérica no domicílio/ambulatório por ano.

A poucos dias da publicação da norma da Direção-Geral da Saúde que regulamenta a Implementação da Nutrição Entérica e Parentérica no Ambulatório e Domicílio em Idade Adulta, Portugal assinala, pelo segundo ano consecutivo, a Semana da Sensibilização para a Malnutrição.

“Fez-se história com a publicação desta norma, uma vez que abre uma porta para a regulamentação efetiva da nutrição entérica e parentérica no futuro. O seu âmbito é hospitalar, mas define já algoritmos de alta hospitalar para doentes com necessidade de suplementos nutricionais orais, nutrição entérica por sonda ou nutrição parentérica”, refere o Dr. Aníbal Marinho, o presidente da Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica (APNEP), que também integrou o painel de peritos deste documento.

Portugal regista anualmente mais de 115 mil casos de doentes no domicílio/ambulatório (1% da população) em risco nutricional com necessidade de apoio nutricional com recurso a nutrição clínica entérica e parentérica. Contudo, nem todos têm capacidade financeira para aceder à nutrição clínica e reverter a sua malnutrição no contexto ambulatório/domicílio.

Segundo o responsável, a situação agravou-se durante a pandemia de Covid-19. “A dimensão de doentes malnutridos que se encontram em ambulatório sem qualquer tipo de acesso à nutrição clínica aumentou de forma drástica durante esta pandemia, havendo doentes que não têm sequer acompanhamento”, alerta.

Por esse motivo, o médico intensivista sublinha que, tal como consta do documento, “o Grupo de Nutrição Entérica e Parentérica (GNEP) deve monitorizar e garantir, aos doentes com necessidade de Nutrição Entérica e Parentérica, o acesso equitativo aos cuidados e à nutrição em contexto domiciliário e ambulatório”.

De acordo com vários estudos realizados em Medicina Interna, os custos anuais da malnutrição num só serviço de Medicina Interna em Portugal ascendem os 13 milhões de euros, numa altura em que 73% doentes internados em nesta área estão malnutridos, desses 56% apresentam malnutrição moderada e 17% malnutrição grave.

Campanha #malnutriçãozero

Neste ano, a Semana da Sensibilização para a Malnutrição, assinalada entre 5 a 12 de outubro, dá voz aos doentes com necessidade de nutrição entérica e parentérica através da campanha #malnutriçãozero. O objetivo é sensibilizar para o papel fulcral da nutrição clínica na recuperação do doente, bem como para a identificação da malnutrição associada à doença e para o respetivo tratamento precoce.

A iniciativa pretende ainda consciencializar os doentes/cuidadores para a discussão do seu estado nutricional com o profissional de saúde.

Contando com o apoio institucional do Ministério da Saúde e com o apoio científico da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, da Sociedade Portuguesa de Cirurgia e da Sociedade Portuguesa de Oncologia, a iniciativa é uma ação conjunta da Optimal Nutritional Care for All (ONCA) e da European Nutrition for Health Alliance (ENHA), na qual já se juntaram países como Reino Unido, França, Bélgica, Dinamarca, Israel e Portugal.

Comunicado/SO

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