13 Dez, 2022

Mudar a sede do poder de Lisboa para o Porto não traria nenhuma vantagem ao SNS, afirma Fernando Araújo

O diretor executivo do SNS considera que é mais importante apostar noutras medidas como, por exemplo, a a criação de centros de responsabilidade integrada nos hospitais e unidades locais de saúde.

O diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, admitiu que há um problema de governança na saúde, mas sublinhou que “mudar a sede do poder” de Lisboa para o Porto não traria nenhuma vantagem ao Serviço Nacional de Saúde. “Temos um problema de governança na saúde, é verdade, mas o nosso grande objetivo não é mudar a sede do poder, Lisboa para o Porto, porque isso não traria nenhuma vantagem ao SNS. Queremos é que as instituições, algumas que gerem mais de meio milhão de euros por ano, tenham uma capacidade diferente de decidir e também de ser responsabilizadas por esses compromissos”, afirmou Fernando Araújo no Ato Público de Apresentação da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde.

Fernando Araújo falava numa cerimónia que foi presidida pelo primeiro-ministro, António Costa, e em que esteve também o ministro da Saúde, Manuel Pizarro e toda a equipa que constitui a direção executiva do SNS. Adiantou que a qualificação das lideranças é uma dimensão que a direção executiva vai “trabalhar ativamente”, nomeadamente por “boas escolhas que tragam competência e valor às instituições”, bem como na questão da promoção da autonomia das instituições.

O responsável referiu também que vão trabalhar na rede das respostas especializadas, seja nos blocos de partos, em que disse já ter visitado a maior parte dos locais e falado com os profissionais e cujas propostas serão apresentadas “muito em breve”. Adiantou que as propostas de alteração de funcionamento dos blocos de partos vão ser apresentadas “muito em breve”, acrescentando que também estão a trabalhar ativamente nas soluções para as urgências metropolitanas do Porto, de Lisboa, na península de Setúbal ou no Minho.

Outro objetivo da nova entidade é terminar com “processos que não trazem qualquer valor, mas infernizam a vida dos utentes e dos profissionais” e tiram tempo aos profissionais para atenderem os seus doentes. “Não é possível que, nesta fase, de infeções respiratórias existam médicos de família que passam um terço do tempo a emitir certificados de incapacidade temporária para períodos inferiores a três dias apenas para justificar ausências no trabalho ou na escola”, enfatizou.

Outra estratégia defendida por Fernando Araújo é a redução do tempo de espera para consultas, para a realização de exames, e conseguir aumentar a capacidade de resolução. “Trata-se uma estratégia que promove a equidade entre os portugueses e protege os mais frágeis e que vamos, de forma obstinada, perseguir”, defendeu.

Para o diretor executivo, também é necessário continuar a apostar nas Unidades de Saúde Familiar, valorizando o acesso e criar modelos adequados, centros responsabilidade integrados nos hospitais e unidades locais de saúde, nas áreas médicas e da urgência como fatores diferenciadores. Apostar na revolução tecnológica do SNS, com investimentos qualificados como a robotização cirúrgica, de forma continuada e previsível, criando condições não só para tratar bem os doentes de acordo com o estado da arte, mas também ser uma forma de cativar profissionais a ficar no SNS é outra prioridade da direção executiva. “Temos que conseguir, acima de tudo, voltar a recuperar a confiança dos profissionais e dos utentes do SNS, com uma atenção especial em áreas como a saúde oral, a saúde mental, os cuidados paliativos, as dependências acima de tudo, os mais vulneráveis, nomeadamente os idosos”, defendeu.

Presente na cerimónia, o ministro da Saúde também defendeu que o Serviço Nacional de Saúde tem que “ser capaz de evoluir, de se requalificar, de desejar fazer mais” e reiterou que se se continuar a fazer exatamente igual ao que tem sido feito “é mais provável que obtenhamos sempre o mesmo resultado”. “E o mesmo resultado ano após ano torna difícil a sustentabilidade do SNS de que o país tanto necessita”, disse, acrescentando: “Não esperamos que haja soluções mágicas. Não atribuímos à direção executiva mais do que aquilo que é justo atribuir”.

Disse, no entanto, que depositam na direção executiva do SNS “a expectativa de que seja construído um caminho de trabalho, de maior convergência de forças, de responsabilização, de prestação de contas, de mais gestão no SNS”. “Um caminho que permita fazer com maior autoridade uma articulação entre as diferentes redes do sistema de cuidados primários, cuidados hospitalares, cuidados continuados, cuidados paliativos e a rede de emergência médica e todos temos consciência de que tem que haver uma maior colaboração entre as diferentes redes”, defendeu Manuel Pizarro.

LUSA

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