8 Out, 2018

Ministro da Saúde enaltece “relevante legado” em prol da ciência de Odette Santos-Ferreira

Numa mensagem de pesar, o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes considera que Odette Ferreira deixa “uma marca indelével na história” do país, muito “pelo trabalho notável que desenvolveu enquanto presidente da Comissão Nacional de Luta Contra a Sida”

O ministro da Saúde enalteceu o “relevante legado de investigadora no âmbito da infeção VIH/Sida” de Odette Ferreira, que morreu no domingo, destacando a “excelência do seu trabalho em prol da ciência e da cidadania”.

Numa mensagem de pesar, o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes considera que Odette Ferreira deixa “uma marca indelével na história” do país, muito “pelo trabalho notável que desenvolveu enquanto presidente da Comissão Nacional de Luta Contra a Sida”.

“O seu relevante legado de investigadora no âmbito da infeção VIH/sida foi internacionalmente reconhecido, tendo contribuído decisivamente para uma transformação disruptiva no conhecimento da doença. O reconhecimento que sucessivamente foi granjeando em todo o mundo fez justiça à excelência do seu trabalho em prol da ciência e da cidadania”, escreveu Adalberto Campos Fernandes, numa mensagem enviada à agência Lusa.

Para o ministro da Saúde, Portugal “guardará para sempre uma memória de gratidão” não apenas pelo trabalho científico desenvolvido por Odette Ferreira, mas também pela “natureza do seu caráter e pela sua generosidade”.

A ex-presidente da Comissão Nacional de Luta Contra a Sida Odette Santos-Ferreira, que foi pioneira na investigação da doença em Portugal, morreu domingo, aos 93 anos.

Nascida em 1925, Maria Odette Santos-Ferreira foi pioneira na investigação sobre a infeção VIH/sida em Portugal, fazendo parte da equipa que identificou pela primeira vez o VIH do tipo 2 em doentes oriundos da Guiné-Bissau.

No princípio dos anos 80 caracterizou os primeiros casos de infeção por VIH em doentes originários da Guiné-Bissau com um quadro clínico de imunodeficiência, tendo identificado um grupo de amostras com um comportamento anormal face ao método de diagnóstico usado e que constituiu o ponto de partida para a descoberta do VIH do tipo 2.

Prossegue as investigações durante essa década, nomeadamente no Instituto Pasteur de Paris, autoridade de renome mundial na matéria, que acabaram por conduzir à descoberta do VIH do tipo 2.

A descoberta deste segundo tipo de vírus da sida teve um impacto enorme na história natural, na epidemiologia e no diagnóstico da infeção VIH, tendo estes resultados sido publicados em revistas científicas de elevado prestígio internacional, refere a DGS.

Odette Santos-Ferreira foi coordenadora da Comissão Nacional de Luta Contra a sida, cargo que exerceu de 1992 a 2000, por nomeação do ministro da Saúde, tendo desenvolvido inúmeros projetos com impacto significativo na prevenção e disseminação da doença.

O projeto da sua autoria de maior impacto nacional e internacional foi a troca de seringa nas farmácias, denominado “Diz não a uma seringa em segunda mão”, que teve como finalidade diminuir o risco de transmissão do VIH e de outras doenças transmissíveis (hepatite B e C) à população toxicodependente por via endovenosa.

Este projeto foi considerado pela Comissão Europeia o melhor projeto apresentado por um país europeu, não só pela inovação, mas por ter sido possível desenvolvê-lo em todo o território nacional.

A investigadora promoveu ainda vários serviços de apoio domiciliário, a criação das comissões distritais de luta contra a sida e a reabertura da linha sida.

Em 2013 recebeu o Prémio Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, o qual visa distinguir anualmente uma personalidade que tenha contribuído para a obtenção de ganhos em saúde no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Em fevereiro deste ano, Odette Ferreira foi condecorada pelo Presidente da República numa cerimónia reservada, tendo recebido a grã-cruz da Ordem da Instrução Pública.

LUSA/MMM

 

Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais