21 Jun, 2023

Médicos do Santa Maria pedem recuo nas demissões na Ginecologia e Obstetrícia

Um grupo de médicos do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Santa Maria pediu hoje a recondução do diretor do departamento e da diretora de Obstetrícia, demitidos na segunda-feira, insistindo na “total confiança” nestes profissionais.

A carta com o pedido de revogação desta decisão, anunciada na segunda-feira pelo Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), foi entregue hoje ao conselho de administração do Santa Maria, segundo disse à Lusa uma médica do hospital. A fonte acrescentou ainda que estava já agendada para hoje uma reunião entre a equipa do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia e a administração do hospital.

Segundo disse esta profissional de saúde, os cerca de 30 médicos apresentaram igualmente pedidos de escusa (individuais) para não fazerem mais do que as 150 horas extraordinárias anuais previstas por lei, explicando que, em muitos casos, esse limite já tinha sido ultrapassado e que esta situação pode comprometer agora a formação das equipas.

O afastamento da direção do Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina de Reprodução (que inclui Diogo Ayres de Campos e a diretora de Obstetrícia, Luísa Pinto) foi divulgado na segunda-feira pelo CHLN. Na altura, o CHLN alegou que a direção deste departamento tem vindo assumir posições que, “de forma reiterada, têm colocado em causa o projeto de obra e o processo colaborativo com o Hospital São Francisco Xavier, durante as obras da nova maternidade do HSM”.

À Lusa, uma profissional de saúde do Santa Maria explicou que os profissionais do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia nunca estiveram contra a obra, ou a colaboração com o São Francisco Xavier, e que apenas um elemento não concordava.

Explicou igualmente que, desde que chegou ao departamento, Diogo Ayres de Campos sempre apresentou como objetivo ter um novo bloco de partos e que o que estava previsto não eram apenas obras, mas a construção de um novo, sendo que durante esta construção se manteria a urgência a funcionar e a admissão passaria a ser feita num “pré-fabricado”, garantindo todas as condições para funcionar na íntegra.

Contou ainda que foi por se ter percebido que S. Francisco Xavier não iria ter capacidade para dar resposta no verão – funciona com muitos médicos prestadores de serviços – que foi decidido o plano que acabou por ser apresentado publicamente pela DE-SNS. Esse plano prevê que, enquanto o bloco de partos do hospital de Santa Maria estiver fechado para obras – nos meses de agosto e setembro – os serviços fiquem concentrados no Hospital S. Francisco Xavier (Centro Hospitalar Lisboa Ocidental), que encerrava de forma rotativa aos fins de semana e, a partir de 01 de agosto, volta a funcionar de forma ininterrupta sete dias por semana.

A demissão da direção do Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina de Reprodução surgiu depois de mais de 30 médicos daquele serviço terem enviado à administração uma carta a pedir condições de segurança e dignidade na passagem para o São Francisco Xavier e a expressar as suas preocupações. Na carta, enviada à administração a meio deste mês, os médicos manifestam-se igualmente preocupados com a capacidade instalada no São Francisco Xavier, admitindo que poderia haver sobrelotação.

LUSA

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