Médicos de família querem número mínimo de USF a abrir por ano
A propósito do Dia Mundial do Médico de Família, que hoje se assinala, Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), considerou que se devia inverter a lógica e fixar antes um patamar mínimo para as USF a abrir
Os médicos de família sugerem que o Governo passe a criar um número mínimo de unidades de saúde familiar que devem abrir por ano, ao invés de estabelecer um número máximo, como acontece atualmente
O presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), Rui Nogueira, considera que “subsiste um princípio incrível” de definir um limite máximo para as unidades de saúde familiar (USF) que podem abrir durante um ano.
Criadas em 2005, as USF foram fundadas como uma forma alternativa ao habitual centro de saúde, prestando também cuidados primários de saúde, mas com autonomia de funcionamento e sujeitas a regras de financiamento próprias, baseados também em incentivos financeiros a profissionais e à própria organização.
“As USF são mais efetivas, têm melhor organização, mais recursos, não só humanos, mas também técnicos e materiais”, indica Rui Nogueira, lamentando que se esteja a prolongar a assimetria quanto a estas unidades. Isto porque atualmente metade da população tem acesso às USF, mas a outra metade continua a estar inscrita nos centros de saúde tradicionais, mais antigos.
Os médicos de família defendem ainda que mais USF das que já estão criadas deviam passar a modelo B, que é uma forma mais evoluída de organização. O modelo B está definido como aquele em que equipas com maior amadurecimento organizacional e maiores exigências de contratualização garantem maior disponibilidade para atingir níveis avançados de acesso para os utentes, elevado desempenho clínico e eficiência económica.
Sobre o panorama global dos médicos de família em Portugal, o presidente da APMGF admite que atualmente o número de profissionais é “bastante razoável”, havendo cerca de 5.500 a exercer e cerca de dois mil em formação.
A quantidade de profissionais em formação na especialidade é considerada por Rui Nogueira como confortável, se bem que o médico preveja que em 2020 e 2021 haja um novo ‘boom’ de clínicos a aposentar-se.
Ainda assim, Portugal tem cerca de 8% da população sem médico de família, o que significa menos de 800 mil utentes, estando a maior parte (600 mil) concentrados na região de Lisboa e Vale do Tejo.
Além destas assimetrias regionais, há diferenças dentro das várias unidades de algumas zonas, chegando a haver centros de saúde em que 20% dos utentes permanecem sem médico de família.
LUSA/SO/SF