12 Nov, 2019

Máquina de preservação pulmonar já funciona no Hospital de Santa Marta

Equipamento, pelo qual o hospital espera há anos, permite recuperar pulmões, de modo a torná-los transplantáveis. Vai reduzir, assim, o número de doentes em lista de espera.

O Hospital de Santa Marta, em Lisboa, já trabalha com um equipamento recentemente adquirido – máquina de preservação pulmonar ex-vivo -, que permite recuperar pulmões em mau estado. A máquina recondiciona os pulmões através da irrigação de sangue e ventilação, limpando o excesso de líquidos, explica José Fragata, director do serviço de cirurgia cardiotorácica, em declarações ao jornal Público.

O hospital de Santa Marta é o único do país a realizar transplantação pulmonar. Os doentes em lista de espera têm, assim, mais hipóteses de conseguirem um transplante, uma vez que não têm de esperar que estejam disponíveis pulmões saudáveis. A máquina custou 150 mil euros, a que se juntam outros 20 mil por cada kit usado.

Antes de começar a utilizar o equipamento, a equipa liderada pelo cirurgião José Fragata foi à Suécia receber formação. A cirurgia é exactamente igual à de qualquer outro transplante pulmonar e nem quanto ao risco pós-cirurgia parece haver diferenças entre um transplante com pulmões saudáveis e outro com pulmões recuperados: a taxa de sobrevivência destes doentes é a mesma.

A expectativa do médico José Fragata é que sejam feitos 4 a 5 transplantes por ano com recurso a pulmões recuperados. Por ano, o Santa Marta realiza já cerca de 30 transplantes pulmonares (a expectativa é que se ultrapassem os 35 este ano).

Em média, os doentes esperam um ano pelo transplante. No ano passado, 12% dos que se encontravam em lista de espera morreu (um número que está em linha com os resultados de outros centros internacionais). Com este novo equipamento, a expectativa é de que estes indicadores melhorem.

A aquisição desta máquina, pela qual o Hospital espera desde que Paulo Macedo era ministro da Saúde, assume também especial importância noutro aspeto: a taxa de utilização dos pulmões ronda os 30% (abaixo da do fígado ou rins, que ronda os 80%). Assim, todos os exemplares contam. Nenhum deve ser desperdiçado.

A maioria dos doentes em lista de espera para transplante sofrem de fibrose quística, uma doença pulmonar hereditária, crónica e debilitante, que causa exaustão e infeções respiratórias frequentes, entre outros sintomas.

TC/SO

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