4 Mar, 2019

Irlanda já oferece 11 mil euros/mês a médicos portugueses

Empresa oferece ainda mais aos clínicos gerais que escolherem trabalhar à noite. Portugal "não consegue concorrer com salários tão altos", numa altura em que aumenta a procura por especialistas portugueses.

Se o governo regional da Galiza, em Espanha, está interessado em contratar pediatras e médicos de família portugueses oferecendo um salário duas vezes superior àquele que é pago em Portugal aos mesmos profissionais, há outros anúncios de emprego, publicados na bolsa de emprego da Ordem dos Médicos, ainda mais aliciantes.

Uma empresa irlandesa está disposta a pagar 11 mil euros brutos mensais aos médicos de família que aceitem mudar-se para a Irlanda, o país com a menor carga fiscal da União Europeia, segundo escreve o Diário de Notícias. Este valor corresponde a um vencimento semanal de 2750 euros (de segunda a sexta-feira). Por cada fim-de-semana em horário noturno os médicos podem ganhar mais 2160 euros. Se o horário for de quarta-feira a domingo, também no período noturno (com folgas às segundas e terças), o salário mensal chega aos 14 mil euros (3500 por semana).

O presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar alerta que nunca houve tantas empresas a tentar levar médicos portugueses para outros países. Isso “demonstra que a qualidade dos médicos portugueses é reconhecida mas, por outro lado, preocupa-nos, porque percebemos que Portugal não consegue concorrer com os salários praticados nestes países”, diz Rui Nogueira ao DN.

No site da Ordem dos Médicos, podemos encontrar, entre outras, uma oferta do Serviço Nacional de Saúde britânico, o NHS. O anúncio é dirigido também a médicos de família, a quem é oferecido um salário anual que pode variar entre os 82 e os 104 mil euros (o que corresponde a um salário entre os 7 e os 8 mil euros). Aos profissionais que se quiserem mudar para a região inglesa de Lincolnshire, é dado um contrato de trabalho permanente, com direito a um curso de inglês gratuito (já que o nível de língua mínimo exigido é o B1), bem como apoio na procura de casa e escola para os filhos.

A procura por profissionais de saúde (como enfermeiros, radiologistas ou fisioterapeutas) tem vindo a aumentar e os recrutadores conhecem a qualidade dos profissionais formados em Portugal. Ainda no último fim de semana, realizaram-se duas feiras (em Lisboa e no Porto) dedicadas ao emprego na área da saúde e que contaram com a presença de empresas britâncias, irlandesas, suecas, francesas, alemãs e até australianas. “O país não consegue concorrer com salários tão altos na área da medicina geral e familiar”, diz Rui Nogueira, sugerindo que se aposte em “investir em melhores unidades e em criar boas condições para os médicos de família trabalharem”.

Tiago Caeiro

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