Instituições de idosos em Portugal têm falta de profissionais

O alerta foi dado pelo investigador Ricardo Pocinho, do Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento da Universidade Lusófona.

Segundo o investigador, fundador e presidente da Associação Nacional e Gerontologia Social (ANGES), “a sobrecarga de trabalho e os baixos salários estão na origem de um problema que pode vir a afetar o funcionamento das Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas”.

“As respostas sociais para idosos como as conhecemos, e o tempo de ter 100 candidatos a concorrer a uma vaga de auxiliar para um lar, já pertence ao passado. Ou mudamos de perspetiva ou todos os que têm mais idade poderão não ter acesso aos serviços assistenciais de qualidade a que têm direito”, salienta Ricardo Pocinho, em comunicado enviado à agência Lusa. O presidente da ANGES salienta que, “atualmente, os idosos que integram este tipo de respostas são mais demenciados, têm menos mobilidade e alguns há muito que estão em isolamento social”.

“Contudo, e com novas exigências na atuação, paga-se hoje à maioria dos trabalhadores deste setor o mesmo que auferiam quando ingressaram nas suas funções”, refere o investigador, salientando que a “maioria não tem formação adequada e, dada a escassez de profissionais, este facto é pouco tido em conta”.

Ligado às questões do envelhecimento há cerca de 10 anos e autor de mais de 200 artigos sobre a temática, Ricardo Pocinho não tem dúvidas de “que se está perto da rutura e os cuidados a idosos como se idealizam estão em risco”. O investigador considera que o assunto requer uma intervenção urgente e, nesse sentido, a ANGES vai pedir audiência ao Presidente da Republica.

“O nosso país assistiu à rápida multiplicação de estruturas para dar resposta ao envelhecimento populacional, mas não assegurou os necessários recursos humanos e a sua formação”, sublinhou.

Para discutir o assunto, Ricardo Pocinho anunciou que a ANGES vai realizar, em Coimbra, entre 27 e 29 de maio, o Congresso Internacional Sobre Envelhecimento, com a participação de especialistas e de representantes de poder central, regional e local. “Cuidador do próximo exige capacitação de si mesmo, caso contrário o sistema perigará e será preciso encontrar quem cuide dos cuidadores”, alerta o investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento da Universidade Lusófona.

LUSA/SO

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