4 Dez, 2020

INSA pretende realizar novo inquérito serológico nacional

Inquérito que o INSA realizou em junho revelou uma seroprevalência global de 2,9% de infeção pelo novo coronavírus. Novo inquérito deverá arrancar em janeiro ou fevereiro.

O Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) pretende fazer no início do ano um novo inquérito sorológico nacional para conhecer o nível de imunidade da população ao vírus SARS-CoV-2, anunciou o epidemiologista Baltazar Nunes.

O inquérito que o INSA realizou em junho revelou uma seroprevalência global de 2,9% de infeção pelo novo coronavírus, que provoca a doença covid-19, na população residente em Portugal.

“Até agora deve ter efetivamente aumentado o número de indivíduos imunes e o valor de 3% que tivemos na altura não seja o real agora”, disse Baltazar Nunes na reunião que decorreu no Infarmed (Lisboa) onde peritos e políticos analisaram as medidas tomadas para combater a covid-19 e a evolução da doença no país.

O novo inquérito sorológico nacional deverá arrancar em janeiro ou fevereiro para “ter uma nova perspetiva pré-vacinação de qual será a imunidade da população, e será um ponto relevante a ter em conta”, disse o especialista em resposta ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

A questão foi levantada pelo chefe de Estado na sequência de dados apresentados pelo epidemiologista Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, que estimou que cerca de um milhão de pessoas em Portugal já esteve em contacto com o vírus e estarão eventualmente imunes.

“O professor Henrique Barros apontou números na ordem de mais de 10%, entre 10 e 20% de imunizados em Portugal. Há outros estudos nomeadamente um painel sorológico nacional que apontam para muito menos, para 4%, 5%, portanto, temos aqui uma dúvida”, afirmou.

 

Novo inquérito é “fundamental” uma vez que a segunda vaga é muito diferente da primeira

 

Marcelo Rebelo de Sousa considerou ainda que os estudos de Henrique Barros “são muito norte, muito específicos em determinado tipo de população”, referindo ser “relevante saber qual o grau de imunidade da população portuguesa”.

“Senhor presidente obrigada pelas questões interessantíssimas, mas deixe-me dizer-lhe. Embora isto possa parecer excessivo, costumo ter uma enorme confiança naquilo que fazemos como previsões e desta vez também”, respondeu Henrique Barros.

“Nós conseguimos chegar a valores ainda mais precisos introduzindo uma variável simples, que é a sensibilidade e especificidade dos testes”, sublinhou o epidemiologista.

“A segunda onda é manifestamente muito superior à primeira” e os dados mostram que “há uma certa constância na relação entre número de casos detetados e número de pessoas que têm evidência imunológica da infeção”, sustentou, defendendo ser “fundamental” que o INSA realize “um grande inquérito epidemiológico nacional”.

A última questão de Marcelo Rebelo de Sousa foi dirigida à diretora da Escola Nacional de Saúde Pública, Carla Nunes, que apresentou um estudo sobre a vacina contra a Covid-19.

“A professora Carla Nunes apontou aqui uma série de fatores de desconfiança ou reticências da população portuguesa em relação à vacinação, mas há um indicador prévio também relevante que é o indicador da subida ao longo das últimas semanas e meses da confiança na vacina, começa muito baixo e vai subindo, nomeadamente nas últimas semanas”, observou.

O chefe de Estado questionou se “não pode acontecer um bocadinho o que aconteceu, por exemplo, com a vacinação contra a gripe (…) em que havia uma tradição de reticência na população portuguesa em geral (…) e acabou num protesto generalizado pela insuficiência do número de vacinas, porque a população esperada era muito inferior à população que aparentemente manifestava a sua vontade de se vacinar”.

Carla Nunes disse que se tem observado uma evolução ao longo do tempo do número de pessoas que se manifestam confiantes na vacina contra a covid-19 e que apenas 7% recusa vacinar-se.

“Portugal tem uma adesão à vacinação muito elevada em todas as vacinas, mesmo na vacina da gripe comparativamente a outros países, este ano ainda foi mais elevada, o que nos leva a crer que realmente a covid tem um impacto tão maior na vida das pessoas, que realmente eu penso que não vai ter problema nenhum”, defendeu Carla Nunes.

SO/LUSA

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