1 Jul, 2019,

INEM: 6 a 8 minutos para atender uma emergência

O INEM está a demorar cerca de 8 minutos a atender as chamadas de emergência, denuncia hoje o Jornal de Notícias (JN).

A falta de recursos está no cerne da questão. Com poucos profissionais nestas funções, o tempo médio de atendimento em junho disparou brutalmente, ainda que o instituto nacional de emergência médica (INEM) diga que se tratam de situações “absolutamente pontuais”.

A recomendação é que o tempo médio de atendimento de uma emergência médica seja de sete segundos, mas, na verdade, o INEM demorou, em certos dias, entre seis a oito minutos a atender estes telefonemas. De acordo com o JN, só no mês que passou, junho, “perderam-se quase dez mil chamadas e só metade foram recuperadas”.

Segundo dados a que o órgão de comunicação social teve acesso, existem diversos problemas nos centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU). Entre eles, e talvez o mais grave, será a carência de profissionais para fazer esta triagem via telefone.

No passado dia 21 de junho, sexta-feira após o feriado de Corpo de Deus, os profissionais demoram cerca de seis minutos a atender os telefonemas transferidos pelo 112, central telefónica para todas as emergências nacionais. Já no feriado de São João, entre 10 e 10h30, o atraso no atendimentos chegou mesmo aos oito minutos.

Em declarações ao JN, o INEM declarou que tal se devia “picos de serviço” e que se tratavam de “situações absolutamente pontuais que representam exceções àquela que é a atuação dos CODU”.

No entanto, durante todo o mês, o jornal verificou que houve menos técnicos de emergência pré-hospitalar (TEPH), como se verificou no dia 2, em que apenas estiveram presentes 64 dos habituais 70 técnicos, com uma duração média de atraso na resposta de cerca de 4 minutos, tendo sido perdidas 1716, tendo o sistema de “call-back” recuperado apenas 28% dessas. No dia seguinte, registaram-se 1124 chamadas perdidas e foram recuperadas menos do que no dia anterior (25%).

Contudo, de acordo com o que o INEM explicou ao JN nem todas as chamadas se referem a emergências – algumas são para saber onde se localiza a ambulância ou se ainda irá demorar a chegar ao local da emergência, outras são desistências quando se apercebem que outra pessoa já contactou a entidade a dar conta da emergência e há também as “utilizações abusivas”.

Cenário do mês de junho

Entre 1 e 24 de junho, foram atendidas 89 215, e 9805 foram desligadas antes do operador atender e menos de metade foram recuperadas (49%). As restantes 51% não se sabe qual seria a sua finalidade.

Com falta de profissionais nos CODU e nas ambulâncias é inevitável que os números de chamadas perdidas aumente exponencionalmente, os tempo médios de espera aumentem e que a prestação de socorro não seja tão eficiente quanto o desejável.

Apesar de se revelarem números bastante preocupantes, estes não são surpreendentes para o vice-presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), Rui Lázaro, que antecipa inclusive que em julho e agosto se poderá ver um pior cenário “quer a nível de meios quer a nível do CODU”.

Numa nota publicada no seu site já no início do ano, a STEPH afirmava ser “urgente a abertura de um concurso de contratação de mais 400 TEPH”. Além disso, enaltecia o trabalho dos técnicos que faziam turnos extra para garantir a operacionalidade dos meios de socorro: “Os TEPH têm sido incansáveis e abnegados no seu compromisso e disponibilidade para garantir a operacionalidade dos meios do INEM! A tutela não pode abrir meios de emergência à custa do esforço hercúleo que os TEPH realizam (através de horas suplementares)”.

A tendência é para piorar no próximos meses (pelo menos durante a época do verão)

Ao JN, o INEM garante que nos CODU “as escalas estarão tão completas quanto possível”, relembrando que o Governo autorizou que os trabalhadores possam realizar trabalho suplementar até 80% da sua remuneração-base.

Já Rui Lázaro não está tão otimista. De momento, o CODU Norte tem, em média, 15 operadores previstos por turno, sendo 19 o número mínimo, esclarece o dirigente do STEPH. Destes 15, falta saber quantos estarão efetivamente presentes, uma vez que existe sempre a possibilidade de haver faltas imprevisíveis e “mudanças de última hora para abrir meios que estão inoperacionais”. É importante frisar que Refira-os TEPH podem tanto trabalhar nos CODU como tripular meios do INEM.

Erica Quaresma

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