4 Mar, 2024

HPV e cancro. Projeto europeu conta com investigadores portugueses

A Fundação Champalimaud integra o projeto Protect-Europe, para que se conheça as diferentes realidades e se promovam medidas de combate aos cancros associados a infeção por HPV.

A relação entre cancro e infeção por HPV é por demais conhecida, sobretudo no que diz respeito ao cancro do colo do útero. Mas também têm aumentado os casos de carcinoma anorretal, da vulva, do pénis e da cabeça e pescoço associados a este vírus. Para que se combata este problema de saúde, foi criado o projeto “Protect-Europe – Vacinar a Europa para proteger contra os cancros causados ​​pelo HPV”, desenvolvido pela European Cancer Organisation com o objetivo de assegurar que a população em geral está bem informada sobre o HPV e os benefícios da vacina.

Henrique Nabais, diretor da Unidade de Ginecologia do Centro Clínico Champalimaud, é um dos investigadores da iniciativa europeia. “Este projeto é muito importante, porque o objetivo central é perceber-se quais são as necessidades de cada país neste campo para se tomarem as medidas mais adequadas.”

Como exemplifica: “Portugal é reconhecido por ter uma ótima taxa de vacinação, mas no caso do rastreio ao cancro do colo do útero existem países onde o mesmo é muito mais universal.”

Com esta interação além-fronteiras, o responsável acredita que se poderá avançar muito para que a população tenha mais conhecimentos sobre HPV e para que se diminuam o número de casos de cancro associados ao vírus. “E, para tal, é preciso apostar-se na vacinação desde cedo.”

Como a transmissão do HPV geralmente ocorre durante a atividade sexual, Henrique Nabais realça a importância de se vacinar os mais jovens, raparigas e rapazes, ainda antes de serem sexualmente ativos. “É possível vacinar mais tarde, mas esta vacina é profilática, o que significa que impedirá que seja contagiado com o HPV, mas não tem um efeito terapêutico se já estiver infetado.” Além disso, acrescenta, “a resposta imune diminui com a idade”. Para atingir os objetivos do projeto Protect-Europe, estão a ser implementados programas de informação e formação em toda a Europa.

Questionado sobre o impacto que poderá ter a vacinação dos rapazes a longo prazo, o ginecologista salienta que é um passo “fundamental” no combate à infeção por HPV. “Não se trata apenas de evitar a transmissão do vírus, mas também é uma forma de diminuir os cancros associados a HPV no sexo masculino, como estamos a tentar com as mulheres.”  Ainda no âmbito do cancro do colo do útero, Henrique Nabais lembra que não basta vacinar, também é “essencial” fazer o rastreio, quer através de citologia ou de teste ao HPV.

De acordo com o estudo CLEOPATRE, a infeção por HPV está presente em 19,4% da população feminina em Portugal. Na União Europeia, ainda são diagnosticados cerca de 67.500 novos casos de cancro, a cada ano, causados ​​diretamente pelo HPV. Em Portugal, a vacina faz parte do Plano Nacional de Vacinação para raparigas (dos 10-14 anos) desde 2008 e para rapazes (da mesma idade) desde 2020.

MJG

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