HPV Clinical Cases: Está a decorrer a submissão de casos clínicos
Em entrevista ao Saúde Online, a Dra. Teresa Fraga, ginecologista e membro do Comité Científico do evento (promovido pela MSD), destaca o caráter mais prático desta reunião e detalha as normas que regem a submissão dos casos clínicos.
Quais os objetivos do HPV Clinical Cases?
Este projecto foi desenvolvido com o objectivo de divulgar a nível da comunidade médica nacional , a doença a HPV nas suas várias localizações e múltiplas formas clínicas no mundo real, por um lado, para além do âmbito dos estudos científicos; portanto mais numa perspectiva prática sobre casos clínicos específicos.
Por outro lado, apresentar a realidade da infecção e doença a HPV para lá da sua vertente ginecológica que é a mais estudada e com mais evidência científica pela correlação directa com o cancro do colo do útero;
Assim este projecto visa chamar a atenção das outras localizações possíveis e cada vez mais prevalentes e inquietantes nomeadamente o cancro da cabeça e pescoço e o o cancro anal através da partilha de casos clínicos pelos profissionais que lidam diariamente com este tipo de patologia.
Até quando e de que forma podem ser submetidos os casos clínicos?
Os casos clínicos podem ser submetidos através dum formulário acessível “on line” acedendo ao site oficial do HPV clinical cases – http://www.hpvclinicalcases.pt/ , ou da plataforma www.hpvclinicalcases.pt;
Este site é de fácil acesso e compreensão e explica detalhadamente as normas de submissão dos resumos de cada caso, que devem ser cumpridas para que o caso possa ser avaliado pelo comité cientifico e escolhido para as diferentes possibilidades de apresentação : oralmente ou sob a forma de poster.
Também no site estão os prazos de submissão dos casos clínicos – o limite para esta é o dia 30/06/2019, segue-se a selecção dos casos até dia 31/07/2019 e os resultados serão comunicados aos autores do caso / casos escolhidos até ao dia 31/08/2019.
Quais as principais regras que os especialistas devem ter em conta na submissão dos casos clínicos?
Os autores devem cumprir TODAS as normas referidas na plataforma oficial, de modo a que o caso seja considerado válido para apreciação pelo Comité Científico
- a) Título em Português (não excedendo 150 caracteres incluindo espaços)
- b) Lista de autores (obrigatoriamente médicos, internos ou especialistas, independentemente da especialidade) até um máximo de 5 autores. Deve incluir o primeiro e o último nome de cada um dos autores, a função hospitalar e a Instituição afiliada (pública ou privada); O autor responsável pela correspondência deve estar indicado, bem como os seus contactos (endereço de email e número de telemóvel).
- c) Resumo/abstract do Caso Clínico (breve descrição do caso não excedendo as 300 palavras/1.950 caracteres) ; Deverá ser dividido em: • Introdução , Descrição do Caso Clínico, Discussão e Conclusões ; Palavras-chave: uma a cinco, segundo a terminologia MeSH
- d) Referências bibliográficas: A lista de referências deve seguir as normas do Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals
- e) Imagens e proteção de dados pessoais ; Existe a possibilidade de se fazer o upload de imagens/fotografias num único ficheiro pdf até um máximo de 25 MB .
Claro que a confidencialidade e protecção de dados exige que em nenhuma circunstância os dados incluídos na submissão do Caso Clínico permitam a identificação dos doentes e é da inteira responsabilidade do clínico(s) participante(s) a ocultação de dados pessoais de doentes, bem como de traços físicos que possam levar à identificação dos mesmos. No caso de não ser possível ocultar a identificação do doente, o clínico responsável pela submissão do Caso Clínico deve obter previamente a devida autorização/consentimento junto do doente para o tratamento dos seus dados pessoais em causa, garantindo nessa circunstância à MSD que o obteve.
Cada autor poderá participar com a submissão de mais do que um Caso Clínico.
Aquando da submissão do Caso Clínico o autor deverá escolher o TEMA (área de patologia) que melhor corresponde ao seu Caso Clínico: Colo do Útero; Patologia Genital ( vagina e vulva) ; Anal; Orofaringe; Outras localizações/patologias ; nos casos em que o Caso Clínico abranja mais do que uma área ( Por exemplo MIN ) o autor deverá seleccionar a que considera ser mais expressiva para a situação em causa.
Como vai ser feita a selecção, por parte do Comité Científico, dos casos clínicos a analisar na Reunião Científica?
Também aqui se aconselha a consulta do regulamento, que estabelece regras bem definidas ara esta avaliação e selecção dos casos;
Vão ser escolhidos 14 casos clínicos para apresentação oral durante a reunião científica final de 28 de Setembro de 2019;
A estrutura desta reunião também está definida no regulamento e é composta por 5 mesas temáticas, a saber . Colo do útero, Patologia Genital ( vagina e vulva ) , Outras Patologias , Patologia Anal e Orofaringe . Cada mesa terá a duração de cerca de 1 hora sendo que começará com um breve resumo teórico contextualizando a patologia de que trata, seguindo –se a apresentação oral de 2 ou 3 casos clínicos (pelos autores) e discussão dos casos por toa a assembleia – cada mesa terá um moderador , membro do conselho científico.
Claro que os casos clínicos têm que ter comprovada a relação da doença com a etiologia a HPV – documentada quer por teste de HPV e/ou por exame cito-histo-patológico.
E claro que a selecção (e acreditamos que pela actualidade e interesse do tema vamos ter casos suficientes para permitir um selecção ) vai privilegiar a originalidade , a raridade e a dificuldade tanto do diagnóstico como do tratamento de cada caso clínico.
Isto com a intenção de contribuir para a melhoria dos cuidados aos pacientes que sofrem de patologias associadas ao HPV .
Que especialistas constituirão o Comité Científico?
O Dr. Daniel Pereira da Silva, o Dr. José Maria Moutinho e eu somos os representantes da Ginecologia; o Dr. Luís Varandas da Pediatria e o Dr Pedro Montalvão de ORL, a Prof. Carmen Lisboa na vertente de dermatovenereologia e e Dra. Sandra Pires da Gastroenterologista e Proctologista (dedicada à Anuscopia de alta resolução e ao diagnóstico precoce da patologia anal a HPV).
Qual é a importância de discutir os casos clínicos e a prática clínica em contexto de infecção pelo HPV?
- chamar a atenção para a doença e as doenças a HPV, as localizações menos frequentes , que dão mais dúvidas e surpresas , nas quais a história clinica ainda é mal conhecida.
- mudar a perspectiva dos profissionais de saúde relativamente à importância da vacinação contra o HPV na prevenção cada vez mais abrangente, independente do género – tanto recomendada em raparigas como rapazes como independente da idade – actualmente a vacina é preconizada sem limite de idade.
E (nunca me canso de repetir este aspecto) mesmo em pacientes já diagnosticadas e tratadas, como forma de prevenção de reinfecção e mesmo recidiva pós-tratamento – facto actualmente conhecido e cientificamente comprovado .
- Mudar paradigmas mitos e dogmas, tanto no sentido de relativizar a importância e o pânico dados por alguns a uma simples infecção por HPV , que pode levar a manobras desnecessárias de sobrediagnóstico e tratamento,
- Sobretudo difundir a informação e partilhar conhecimentos como forma de combater a ignorância (que é a mãe de todos os medos) sobre estes vírus e as doenças que eles provocam, fora do âmbito estrito dos estudos científicos e trazendo este tema para a vida real da prática clínica do dia a dia.