Hospitalização domiciliária: 6 pacientes beneficiados já esta semana

Os pacientes do Centro Hospitalar do Baixo Vouga, mais precisamente do Hospital de Aveiro, vão poder ficar hospitalizados na sua própria casa a partir desta semana, avança o Jornal de Notícias.

Depois do Centro Hospitalar Tondela Viseu, do Hospital de São João, é agora a vez do Hospital de Aveiro, do Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV), a permitir que os pacientes que tenham de ser internados o possam fazer na sua casa. Este processo designa-se de hospitalização domiciliária e permite aos doente que, em vez de ficarem confinados às quatro paredes de um quarto de hospital, possam recuperar na sua residência e junto da sua família.

Será ainda esta semana que o Hospital de Aveiro irá avançar com o hospital ambulante, tratando seis pacientes no conforto do seu lar.

Que doentes têm direito a este “benesse”?

Em primeiro lugar, Rosa Jorge, diretora do serviço de Medicina Interna do Hospital, esclarece, em declarações ao Jornal de Notícias, que só serão admitidos para este programa os pacientes que reúnam “determinados critérios clínicos, sociais e geográficos”, tais como serem “doentes com patologias agudas que necessitem de internamento, doentes que precisem de medicação de administração hospitalar, sobretudo endovenosas, com uma periodicidade que pode ir até de oito em oito horas, entre outros” e, adianta, que, nesta primeira fase, a iniciativa se destina a doentes adultos cuja habitação se situe “a menos de 20 quilómetros do hospital”.

As patologias que estão incluídas neste novo tipo de hospitalização são a Asma, a Diabetes, DPCO, a Hipertensão arterial, a Insuficiência cardíaca, Infeções respiratórias e outras passíveis de serem tratadas em casa, sem representação de risco para o doente.

Como se inicia o processo?

Os doentes que deem entrada no Serviço de Urgência do Hospital de Aveiro ou que já lá estejam internados podem, mediante um consentimento devidamente preenchido e assinado, ser internados na sua casa, se preencherem os requisitos acima descritos.

E depois, como se trata o doente em hospitalização domiciliária?

Assim que o doente se encontrar em casa, irá receber, diariamente (ou seja, nos 7 dias da semana), a visita de um médico e de um enfermeiro, pelo menos uma vez por dia. No entanto, o número de visitas dos especialistas médicos irá variar de paciente para paciente, uma vez que os quadros clínicos e as doenças não são as mesmas e podem exigir diferentes intervenções. Por esse mesmo motivo, é provável que a equipa de enfermeiros se desloque à habitação do pacientes mais uma ou duas vezes.

No caso de haver agravamento ou de necessitar de esclarecimentos adicionais, será facultado às famílias o número de telefone da equipa de prestação de cuidado, que estará disponível 24 horas por dia.

É ainda de ressalvar que a equipa é composta por nove enfermeiros e cinco médicos de Medicina Interna.

Equipamento médico que esta equipa dispõe

A equipa desloca-se num automóvel devidamente identificado (com o logotipo do hospital) tem um recipiente para os resíduos, uma mala de emergência médica, caso seja necessária reanimação, um eletrocardiógrafo, um aspirador de secreções, medicação SOS, malas térmicas, entre outros materiais.

“Temos todo o material necessário para que o doente tenha os mesmos cuidados de saúde como se estivesse no hospital”, diz Nino Coelho ao Jornal de Notícias, um dos enfermeiros destacados para o projeto.

Mas para que o paciente esteja em casa, há também que garantir que o indivíduo tem tudo o que precisa, sendo-lhes, por essa razão, entregue um kit do doente, composto por um termómetro, caixa de medicação e um aparelho de medição de tensão para o próprio ou o seu cuidador faça os registos e ser acompanhado pela equipa.

A iniciativa

Esta iniciativa, que surge de um repto do Ministério da Saúde, está a ser muito bem vista pela comunidade médica.

“É um grande avanço em termos de comodidade e conforto do doente, tal como da recuperação. Em Espanha já é muito habitual – há hospitais lá que têm 300 e 400 doentes em hospitalização domiciliária”, revela Margarida França, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar, o que faz adivinhar uma evolução interessante da hospitalização em Portugal em cinco ou dez anos.

Erica Quaresma

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