27 Abr, 2020

Hospital de Évora reconfigura espaços e adota novas medidas de segurança

A pandemia de covid-19 obrigou o Hospital do Espírito Santo de Évora a por "mãos à obra" para reconfigurar espaços para os doentes infetados.

A unidade hospitalar alentejana adaptou-se e criou dois circuitos distintos, um para casos suspeitos e confirmados de infeção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) e o outro para os restantes doentes.

Todos os pacientes passam pelo posto de triagem primário, instalado em contentores colocados junto ao edifício do hospital, onde estão um enfermeiro e um médico, que fazem a separação dos casos.

Os que não são suspeitos seguem para a urgência geral e os que podem estar infetados pelo novo coronavírus e tiverem sintomas são encaminhados para a “urgência covid”, que foi criada no espaço onde eram realizados os exames especiais.

A “urgência covid” conta com quatro quartos, um deles com pressão negativa e equipamentos que permitem a entubação e a reanimação, e ainda um espaço aberto para doentes instáveis, podendo ter até 10 pacientes em simultâneo.

É nesta área que os doentes aguardam pelos resultados dos testes e no dia em que a Lusa visitou o hospital estavam nestas circunstâncias cinco pessoas, homens e mulheres, todas com mais de 70 anos.

 

Percurso fechado e elevador exclusivo

 

Quando um doente é transferido da “urgência covid” para a enfermaria ou para os cuidados intensivos, o percurso é fechado para a sua passagem e são colocadas baias de proteção, sendo usado um elevador exclusivo.

No laboratório, existe uma caixa com a palavra “covid-19”, junto à entrada, onde são colocadas as amostras, que são recolhidas e levadas por um técnico para análise numa pequena divisão, com pressão negativa e fechada a “sete chaves”.

O trabalho no laboratório, afirma à Lusa a diretora do serviço de patologia clínica, Filomena Caldeira, está a correr bem, com o esforço dos profissionais, apesar da existência de “alguns condicionalismos de espaço”.

Este serviço, refere, faz “à volta de 70 a 80” testes por dia e chegou a fazer mais de 100, quando dava resposta aos outros hospitais do Alentejo, estando a prestar ainda apoio a estes e à Universidade de Évora na realização de testes nos lares de idosos.

A unidade hospitalar tem 24 camas para o internamento de doentes com covid-19 em duas enfermarias, uma no quarto piso, onde era a convalescença, e outra, no terceiro, que funcionou como cirurgia 2, que não está a ser utilizada.

Com a pandemia, o HESE passou a ter duas unidades de cuidados intensivos, uma para doentes com covid-19, com oito camas, e outra polivalente para pacientes com outras patologias, que possui quatro camas.

No início da pandemia em Portugal, o hospital criou uma “task force” para analisar e decidir, em permanência, questões relacionadas com a covid-19, que integra vários profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros.

Rui Matono, diretor do Serviço de Urgência e um dos elementos da “task force”, justifica a reorganização do hospital com a necessidade de “maximizar a segurança de utentes, doentes e profissionais”.

“O hospital não poderia ser só para os doentes com a infeção SARS-CoV-2. Tem de continuar a prestar todos os cuidados de saúde necessários e para os quais está vocacionado”, lembra o clínico.

O HESE começou a fazer “muito precocemente” o rastreio aos doentes que necessitam de internamento para “garantir que, mesmo não sendo suspeitos, não levam a infeção para dentro de enfermarias”, assinala.

Além disso, recorda, foram limitadas e, posteriormente, proibidas visitas e presença de acompanhantes e adiadas consultas e exames, estando a unidade a realizar apenas “intervenções cirúrgicas de urgência de traumatologia e as oncológicas”.

“Criámos equipas que se dedicaram a fazer a análise, caso a caso, de quais poderíamos adiar e qual o tempo de adiamento que poderia ser feito” e foi reconfigurado o atendimento para a realização de “mais teleconsultas”, sublinha Rui Matono.

Segundo o diretor da urgência, o hospital de Évora registou, nas últimas semanas, menos atendimentos por traumas e acidentes, além de terem diminuído as consultas presenciais, cirurgias e exames.

O responsável congratula-se por, até agora, “nenhum profissional de saúde” do HESE se ter infetado, o que “é muito importante, quer em termos pessoais, quer para a organização da própria estrutura” do hospital.

SO/LUSA

 

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