Hospital da Cruz Vermelha vai ter Centro do Coração que pretende “ser inovador”

O hospital da Cruz Vermelha vai abrir um Centro do Coração que pretende ser inovador no país, abrangendo desde a prevenção ao acompanhamento dos doentes em casa, e disponibilizando uma linha telefónica direta que vai funcionar diariamente 24 horas.

A apresentação do projeto foi feita hoje aos jornalistas pelo presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, Francisco George, que lembrou que o hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, não é nem inteiramente privado nem inteiramente público, tendo a sociedade gestora a participação de 45% do Estado. Além disso, é o único hospital de dimensão privada em Portugal com vocação para trabalhar sem fins lucrativos.

O futuro Centro do Coração (“Heart Center”), a ser inaugurado no dia 11 de fevereiro do próximo ano, vai estar aberto a todos os que tenham subsistemas de saúde, como a ADSE, qualquer seguro privado, cartão da Cruz Vermelha ou a quem possa pagar. Francisco George admite que “criar um acesso sem barreiras” é o objetivo final e não descarta a concretização de protocolos a estabelecer com o Serviço Nacional de Saúde, através das administrações regionais de saúde.

“O ‘Heart Center’ distingue-se de outro serviço clássico de cardiologia ou da área cerebrocardiovascular porque privilegia uma área preventiva e ao mesmo tempo implementa de uma forma muito rápida, imediata, serviços permanentes 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano”, afirmou o presidente da Cruz Vermelha.

A partir de fevereiro, o “Heart Center” vai ter associada uma linha telefónica com um número de quatro dígitos – ainda não divulgado -, que pretende facilitar o acesso de quem queira aceder ao centro, e de quem já é tratado e acompanhado.

Esta linha pretende ser, segundo Francisco George, “uma via verde para o coração” e vai funcionar também 24 horas por dia, havendo uma equipa constituída para o atendimento e um médico permanentemente disponível.

“Vamos fazer inovação na Grande Lisboa. Temos dispositivos únicos no contexto de Lisboa que nenhum outro serviço hospitalar detém, com equipamentos de última geração e que possibilitam intervenções minimamente invasivas. Como exemplo, passa por uma mudança de uma válvula sem incisão torácica”, explicou George.

O cardiologista da Cruz Vermelha Vasco Gama Ribeiro destaca precisamente “a inovação do conceito de tratamento minimamente invasivo”, bem como a colocação do doente no centro do tratamento.

Este novo centro vai permitir fazer o acompanhamento dos doentes em casa, com recurso a técnicas de telecomunicação disponibilizadas pelas várias operadoras para transmitir dados e avaliar e acompanhar sinais como a pressão arterial, o peso ou as arritmias.

“O doente fará parte do seu próprio tratamento e estará sempre e permanentemente acompanhado pela equipa médica”, indicou Vasco Gama Ribeiro, lembrando que o doente se sente melhor estando em casa, além de se evitar complicações como as infeções hospitalares.

O diretor clínico do hospital, Manuel Pedro Magalhães, salienta que o que se pretende é “dar um contínuo de tratamento” ao doente, mesmo quando já não está no hospital, através de um permanente acompanhamento.

“Isto vai diminuir muito a necessidade de tempo de estadia nos cuidados agudos e fazer com que não sejam precisas tantas camas para cuidados agudos”, afirmou o diretor clínico.

Manuel Pedro Magalhães, que é cirurgião cardiotorácico, acredita que este acompanhamento permanente dos doentes é “o que vai transformar o prognóstico das doenças cardiovasculares”: “A ideia é personalizar o tratamento, seja na prevenção, no tratamento agudo ou na continuidade”.

O Centro do Coração estará apto para tratar doentes de todas as idades, incluindo crianças, e pretende ser “um centro de referência de cardiologia de excelência”, segundo a presidente da comissão executiva do hospital, Teresa Magalhães.

“[Pretendemos] tratar qualquer tipo de doente e em qualquer idade. Desde a doença mais simples até à transplantação cardíaca no futuro”, indica o cirurgião coordenador do “Heart Center”, Luís Baquero.

O médico frisa que o que também “diferencia o Centro” é ter uma abordagem no doente tentando tratá-lo “através de pequenas incisões” e “sem grande invasão física”, o que contribui para “promover a recuperação mais rápida do doente”.

A elevada mortalidade das doenças cerebrovasculares, que representam 30% de todas as mortes em Portugal, é a justificação dada pela presidente da comissão executiva do hospital para apostar no Centro do Coração, que representa um investimento de 10 milhões de euros.

Teresa Magalhães recordou que a insuficiência cardíaca tem uma “alta morbilidade” e que afeta entre 1% a 2% da população mundial, sendo que em Portugal se estima que atinja 360 mil pessoas.

O Centro pretende também vir a fazer rastreio da patologia cardíaca em populações de risco, uma vez que quase metade das pessoas com patologia cardíaca só têm a primeira manifestação de doença através da morte súbita.

LUSA

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