30 Nov, 2021

Horas extra nas urgências devem ser pagas como as dos tarefeiros, exigem médicos

A medida é apresentada como um dos meios para combater a insatisfação atual dos profissionais que trabalham em equipas de urgência.

O valor pago pelas horas extra nas urgências deve ser equiparado ao montante que os médicos tarefeiros recebem, exigem os médicos. A medida é apresentada como um dos meios para combater a insatisfação atual dos profissionais que trabalham em equipas de urgência, aponta o jornal i.

“Hoje um chefe de equipa ganha 12 euros à hora e vai chefiar uma equipa em que 70% ou 80% são tarefeiros, são médicos menos diferenciados e ganham 70 euros à hora”, desabafa o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos (OM), Alexandre Valentim Lourenço, que menciona o caso do Hospital de Setúbal, no qual o serviço de urgência é assegurado por mais de 70% profissionais contratados através de empresas de prestação de serviços.

“O que pensa um chefe de equipa que tem de resolver os problemas, fica com os doentes internados perante pessoas que recebem 70 euros, vão embora e não têm mais responsabilidades?”, questiona Alexandre Valentim Lourenço, considerando fundamental a resolução desta diferença, a qual pode fixar alguns profissionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Recorde-se que, com o atual sistema regulado por um despacho de 2011, os médicos do hospital estão impedidos de receberem o mesmo valor que os tarefeiros. No entanto, a despesa é cada vez maior com o recurso a estes profissionais, já que, segundo apurou o JN, o montante gasto com empresas de prestação destes serviços aumentou 10% em 2020 face a 2019 (130 milhões de euros).

Ainda, apesar de só estarem disponíveis os dados financeiros dos hospitais até novembro do ano passado, já é possível confirmar que o gasto com pessoal em Setúbal foi de 6,4% nesse período, quase o dobro da despesa com prestações de serviços a nível nacional de 3,92%.

Tendo em consideração que esta sugestão pode contribuir para a resolução do problema da fixação de médicos, não é apenas com uma medida que isto será alterado. É necessária “uma política de recursos humanos que melhore as condições de carreira, compense a penosidade e seja mais atrativa nas zonas mais carenciadas”, concluiu Alexandre Valentim Lourenço.

SO

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