Interna do 2.°ano de Endocrinologia e Nutrição do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Hipertensão arterial – quando suspeitar de doença endócrina
A hipertensão arterial define-se como pressão arterial sistólica ≥ 140 mmHg e/ou diastólica ≥ 90 mmHg. Estima-se que a prevalência em Portugal seja 36% na população adulta. A maioria dos casos (90-95%) correspondem a hipertensão primária (ou essencial) de causa multifatorial e cujo tratamento consiste na normalização dos valores da pressão arterial. Restantes casos incluem-se no subgrupo Hipertensão Secundária, mais frequente em faixas etárias inferiores (crianças e adultos < 40 anos). Ao contrário da hipertensão essencial, algumas das causas que desencadeiam hipertensão secundária podem ser corrigidas ou tratadas pelo que, um diagnóstico adequado destas patologias representa uma oportunidade de tratamento, quer cirúrgico quer médico.
Deve ser ponderada investigação de causas secundárias em doentes com características sugestivas nomeadamente hipertensão resistente ou maligna, diagnóstico antes dos 30 anos sem outros fatores de risco, elevação ou instabilidade súbita dos valores, coexistência de distúrbios hidroeletrolíticos.
Entre as causas mais frequentes encontram-se as patologias endócrinas. É essencial conhecer as principais causas endócrinas de hipertensão arterial e a sua forma de apresentação, para permitir suspeição e acuidade diagnóstica adequadas. Entre os distúrbios endócrinos que se podem apresentar com hipertensão arterial e devem ser considerados incluem-se hiperaldosteronismo primário, feocromocitoma e paraganglioma, síndrome de Cushing, hiper e hipotiroidismo.