8 Abr, 2019

FDA propõe baixar nível de flúor na água engarrafada

O nível de flúor na água engarrafada deve baixar 1 mg/L relativamente ao nível atual, por se acreditar que o flúor em excesso traz diversas complicações para a saúde de adultos e crianças.

A entidade americana Food and Drug Administration (FDA) propõe um menor nível de flúor na água engarrafada, apesar de alguns cientistas e grupos ambientais acreditarem que o limite proposto ainda está acima da média aceitável para a segurança da saúde pública, avança a CNN.

Atualmente, a entidade de saúde pretende que os níveis de flúor baixem de 1,7 para 0,7 miligramas por litro de água, uma redução significativa do flúoe no consumo de água.

No entanto, esta proposta apenas abrange a água engarrafada a que é acrescentado flúor, não sendo aplicável às que já contém flúor na composição natural da água, e vem no seguimento de uma recomendação do Serviço Nacional de Saúde americano que sugere que 0.7 miligramas por litro de água é a concentração de flúor adequada para os sistemas de água que acrescentam flúor à sua composição.

Num comunicado recentemente divulgado pela entidade de saúde pública, FDA, estes valores surgiram dos estudos que já existem sobre a matéria. Os investigadores descobriram que uma boa “concentração de flúor equilibra os seus benefícios na prevenção da cárie dentária com o risco de surgir uma fluorose dentária, uma condição frequentemente caracterizada por manchas brancas nos dentes”, que acontece devido à ingestão excessiva de flúor durante longos períodos de tempo.

No entanto, os cientistas receiam que o consumo excessivo de flúor possa causar outros problemas de saúde, um dos quais no cérebro. O professor adjunto de Saúde Ambiental da Universidade de Saúde Pública TH Chan, em Harvard, nos EUA, Philippe Crandjean, afirma que o flúor “pode danificar o desenvolvimento cerebral”, razão pela qual recomenda que “o valor máximo de concentração de flúor numa garrafa de água seja menor do que 0,7 ml/L”.

O diretor do projeto de Estudos de Saúde Ambiental, e que está a trabalhar em conjunto com a Flouride Actrion Network, Christopher Neurath, explica que a maior preocupação diz respeito às recentes descobertas que indicam que os níveis de flúor ingeridos demonstram níveis de toxicidade superiores ao recomendável. Além disso, existe uma ligação entre o QI (Quociente de Inteligência) das crianças e o nível de exposição ao flúor enquanto estavam na barriga da sua mãe, acrescenta – quanto maior ingestão de flúor, menor QI apresentavam. Há ainda um risco acrescido das crianças desenvolverem uma perturbação neurológica, a Perturbação de Hiperatividade e Déficit de Atenção, transtorno que pode condicionar bastante a vida das crianças e das suas famílias.

A Associação Dentária Americana observou que, em geral, as organizações científicas, na qual se inclui e onde está também presente a Academia Americana de Pediatria, “apoiam totalmente os benefícios de saúde pública da fluoretação da água na comunidade”, tendo ainda apontado que o valor proposto pela FDA ajuda a prevenir a cárie dentária sem aumentar o risco de fluorose dentária.

“Mesmo com outras fontes de flúor, a fluoretação da água na comunidade previne a cárie dentária em, pelo menos, 25% em crianças e adultos”, declara a associação.

A International Bottled Water Association diz apoiar a proposta e iniciativa da FDA. A porta-voz da associação, Jill Culora, chega mesmo a afirmar:

“A regra proposta leva em consideração as muitas fontes de flúor na dieta das pessoas e irá contribuir para reduzir ainda mais o risco de fluorose dental, enquanto ainda fornece um nível ótimo de flúor para ajudar a prevenir a cárie dentária.”

Erica Quaresma

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