Farmacêuticos do Serviço Nacional de Saúde marcam greve para 18 e 19 de julho

A Ordem dos Farmacêuticos e a Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares já se mostraram solidárias com esta paralisação, que continuará por tempo indeterminado a partir de 1 de agosto

Em declarações à Lusa, o presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF), Henrique Reguengo, explicou que esta é a primeira greve que o sindicato decreta em 20 anos, que abrange os farmacêuticos que trabalham nos Serviços da Administração Pública, em concreto para o Ministério da Saúde, e que resulta do rompimento unilateral dos compromissos assumidos pelo Governo nas negociações da carreira farmacêutica.

“Uma greve dos farmacêuticos vai obviamente complicar a vida dos hospitais. Todos os sítios onde os farmacêuticos estão envolvidos se pararem de trabalhar as coisas não funcionam”, disse.

O pré-aviso de greve foi entregue na sexta-feira no Ministério da Saúde.

Estas negociações tinham sido finalizadas em março de 2017 e resultaram na proposta de um diploma que implementaria a carreira destes profissionais na administração pública, fundamentalmente, no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

As negociações tinham sido finalizadas em março de 2017 e resultaram na proposta de um diploma que implementaria a carreira destes profissionais na administração pública, fundamentalmente, no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

No entanto, explicou, na segunda-feira em reunião no Ministério da Saúde, com a presença do ministro da Saúde e do secretário de Estado da Saúde, foi dito a este sindicato que, por alteração do posicionamento do Ministério das Finanças em relação à implementação desta carreira, não seria possível prosseguir com o processo legislativo que culminaria na publicação do referido diploma.

Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos, a função destes profissionais no Serviço Nacional de Saúde é insubstituível em áreas tão críticas quanto as análises clínicas e a genética humana, bem como na aquisição, preparação e distribuição de medicamentos e dispositivos médicos, nomeadamente, medicamentos para o tratamento do cancro e das doenças infecciosas.

Ao todo, existem cerca de mil farmacêuticos no Serviço Nacional de Saúde.

“Os farmacêuticos desempenham várias tarefas chave nos hospitais e instituições de saúde. As vezes não são tão visíveis para o público, mas estão envolvidos desde a produção, distribuição, preparação da quimioterapia, papéis-chave sem os quais muitos doentes não têm possibilidade de serem tratados”, disse.

Henrique Reguengo explicou, ainda, que da publicação do diploma não resultava qualquer impacto orçamental nem nenhuma mais-valia para os farmacêuticos, a não ser a da adequada regulamentação e organização da função.

Tendo sido esgotados todos os mecanismos negociais, frisou, os farmacêuticos vêem-se assim “forçados a recorrer à greve e lamentam os inevitáveis prejuízos que esta greve causará aos utentes”.

Ontem, a Ordem dos Farmacêuticos (OF) solidarizou-se com a paralisação decidida pelo SNF, o que acontece pela primeira vez em toda a história da profissão, considerando-a como último recurso e apelando ao reatamento do diálogo logo que possível.

“Todo o trabalho de apoio à tomada de decisão foi executado, a proposta de diploma está negociada e aceite pelas partes. É tempo de agir e promover a qualidade da assistência farmacêutica nos nossos hospitais” referiu a OF em comunicado.

Segundo a ordem, a criação de uma carreira especial reservada aos farmacêuticos com vínculo ao Estado é uma aspiração de longa data dos farmacêuticos portugueses, das suas estruturas representativas e é matéria que tem vindo a ser alvo de discussão e de análises há mais de duas décadas.

Também a Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares (APFH) anunciou o seu apoio à paralisação, considerando que esta greve espelha “a falência de todas as vias para, em negociação com o Ministério da Saúde, ser reconquistado um direito que lhes assiste e que há muito, de forma ininterrupta, contempla outras profissões, como médicos e enfermeiros”.

LUSA/SO/SF

 

 

Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais