19 Out, 2021

Excesso de peso infantil diminui em Portugal mas ainda atinge 30% das crianças

Estes dados confirmam a tendência da diminuição da prevalência deste problema em Portugal, embora ainda se desconheça o impacto da pandemia.

As prevalências de excesso de peso e obesidade infantil baixaram em todas as regiões do país entre 2008 e 2019, mas este problema ainda atinge uma em cada três crianças em Portugal, segundo um estudo hoje divulgado.

Neste período, verificou-se uma redução de 8,2 pontos percentuais na prevalência de excesso de peso em crianças dos seis aos oito anos (de 37,9% em 2008 para 29,7% em 2019) e de 3,3% na obesidade infantil (de 15,3% para 11,9%, respetivamente), segundo o estudo COSI Portugal, sistema de vigilância nutricional infantil integrado no estudo Childhood Obesity Surveillance Initiative da OMS/Europa, coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

Os dados mais recentes da 5.ª ronda do COSI, que confirmam a tendência da diminuição da prevalência deste problema em Portugal, foram apresentados na primeira “Conferência do Centro Colaborativo da Organização Mundial de Saúde em Nutrição e Obesidade Infantil”, que está a decorrer no INSA, em Lisboa, e que visa assinalar cinco anos de colaboração do Instituto com a OMS.

“Desde 2008 temos vindo a mostrar uma tendência invertida na prevalência e excesso de peso e obesidade infantil em todas as regiões”, disse à agência Lusa Ana Rito, investigadora do INSA e coordenadora do estudo que envolve 44 países e que estuda mais de meio milhão de crianças a cada três anos.

Ana Rito observou que, na primeira ronda do estudo em 2008, Portugal era o segundo país com maior prevalência de excesso de peso e obesidade infantil e agora “está exatamente na média europeia”.

“Foi um progresso absolutamente positivo e naturalmente o país está a parabéns, mas continuamos com uma em cada três crianças a sofrer deste problema de excesso de peso” que rapidamente pode progredir para obesidade, alertou.

Segundo o estudo, os Açores (35,9%), a Madeira (31,7%) e o Norte (31,3%) foram as regiões que apresentaram maiores prevalências de excesso de peso e o Algarve a menor (21,8%).

As maiores prevalências de obesidade infantil foram observadas nas regiões Norte (12,3%), Centro (13,4%), na Madeira (13,7%) e nos Açores (17,9%) e a menor no Alentejo (9,6%).

A prevalência do excesso de peso e a obesidade infantil é mais prevalente nos rapazes (29,6% – 13,2%) do que nas raparigas (29,7% – 10,6%), respetivamente.

Tal como verificado nas rondas anteriores, a prevalência de obesidade infantil aumenta com a idade, atingindo 15,7% das crianças de 8 anos, incluindo 4,9% de obesidade severa, e 10,7% das crianças com seis anos, 2,6% das quais com obesidade severa.

Relativamente à prevalência de baixo peso, os dados indicam que “se tem mantido sem expressão e constante nos últimos oito anos, apesar da grave crise económica vivida em Portugal nesta década”.

O estudo afirma que a “evolução positiva [de Portugal], e ainda pouco frequente em outras regiões internacionais, pode resultar de várias iniciativas conduzidas pelo Estado Português, pelos profissionais do Serviço Nacional de Saúde e partes interessadas nesta matéria”.

O COSI Portugal envolveu 8.845 crianças de 228 escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico, no ano letivo 2018/2019, a maior amostra de todas as fases decorridas até ao momento.

Foram mais de 8.000 famílias portuguesas convidadas a participar neste estudo que tem servido para o desenvolvimento de políticas nacionais e regionais, disse Ana Rito, exemplificando que a taxa aplicada aos refrigerantes teve como suporte os dados do COSI que fazem “uma fotografia grande” das em variáveis ao nível do consumo alimentar infantil, da prática de atividade física e de outras variáveis relacionadas com o ambiente familiar e escolar.

LUSA

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