11 Abr, 2017

Estudo revela que jovens depressivos envolvem-se com mais frequência em lutas

Trabalho de investigação do Instituto de Saúde Pública da UPorto (ISPUP) concluiu que sintomas depressivos como a tristeza, o cansaço, a irritabilidade e os sentimentos de culpa levam a que os jovens se envolvam com mais frequência em lutas físicas

Segundo Sílvia Fraga, investigadora do ISPUP, à primeira vista, pode parecer uma relação paradoxal, dado que as componentes da depressão incluem a autoculpabilização e o cansaço, logo pode partir-se do princípio que a pessoa está demasiado apática para a agressão, porém, não é o que o estudo demonstra, pois existem outros fatores associados aos comportamentos agressivos que estão também presentes em casos de depressão, como a irritabilidade.

Neste projeto, desenvolvido pela Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do ISPUP, foram avaliados 1.380 jovens (743 raparigas e 637 rapazes), nascidos em 1990, a frequentar escolas públicas e privadas do Porto.

As avaliações deram-se em dois momentos, quando os jovens tinham 13 e 17 anos, tendo sido analisado o nível dos sintomas associados à depressão dos adolescentes nestes dois períodos e o envolvimento em lutas físicas somente no segundo.

O estudo, no qual participaram também os investigadores do ISPUP Elisabete Ramos e Henrique Barros, mostra que os rapazes se envolviam mais frequentemente em comportamentos violentos aos 17 anos de idade quando apresentavam sintomas depressivos relevantes nos dois momentos da avaliação.

Já nas raparigas, verificou-se que as agressões eram mais frequentes entre aquelas que tinham sintomas de depressão aos 17 anos de idade, independentemente de possuírem, ou não, estes sintomas na avaliação anterior.

Nos rapazes, “é necessário que estes sentimentos estejam presentes há mais tempo” para que “os exteriorizem ou reajam, envolvendo-se em lutas físicas. Nas raparigas não encontramos esta relação, talvez porque lidam com a persistência destes sentimentos de outra forma”, referiu Sílvia Fraga.

Tendo em conta que o envolvimento em lutas é um comportamento frequente nas escolas e, por isso, muitas vezes ignorado, segundo Sílvia Fraga, há de ter em conta tanto a depressão como a evidência como dois fatores que merecem toda atenção.

Para a especialista, a saúde mental dos adolescentes e o envolvimento em comportamentos violentos são questões prioritárias na área da Saúde Pública e estes resultados chamam a atenção para a necessidade de se estar atento a comportamentos agressivos em contexto escolar, pois podem representar um primeiro indicador de alterações que frequentemente não ser percebidas.

LUSA/SO/CS

 

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