1 Mar, 2019

Ébola: Médicos Sem Fronteiras suspendem atividade no epicentro da epidemia na RDCongo

A organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras anunciou, na quinta-feira, que suspendeu as suas atividades médicas no epicentro da epidemia do Ébola na República Democrática do Congo (RDCongo), após um novo ataque a um centro de tratamento.

Num comunicado divulgado no seu ‘site’ oficial, a ONG transmitiu a intenção em suspender a atividade médica nas cidades de Butembo e Katwa, província de Kivu do Norte, depois de dois ataques em quatro dias.

“Estamos extremamente entristecidos com estes ataques nas nossas instalações médicas. Não apenas colocaram em perigo as vidas dos nossos funcionários, como também as das pessoas mais vulneráveis no centro da nossa atividade: os pacientes”, referiu o diretor da equipa de emergência dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), Hugues Robert.

“À luz destes dois violentos incidentes, não temos escolha senão suspender as nossas atividades até novo aviso. Enquanto médicos, é muito doloroso ter de abandonar os pacientes, as suas famílias e outros membros da comunidade num momento tão crítico da resposta ao Ébola”, acrescentou o responsável dos MSF.

Na quarta-feira, vários atacantes de identidades desconhecidas queimaram tendas e outros equipamentos numa unidade de tratamento na cidade de Butembo gerida pelos Médicos Sem Fronteiras.

No comunicado, a ONG refere que este ataque não feriu pacientes ou funcionários no centro de tratamento – embora tenha matado o cuidador de um dos infetados, enquanto tentava fugir -, mas considerou que os ataques foram traumáticos para os presentes nas instalações.

Ao longo desta quinta-feira, o Ministério da Saúde da RDCongo anunciou que quatro pacientes contaminados com Ébola desapareceram após o ataque.

Segundo o Ministério da Saúde congolês, 32 das 38 pessoas que estavam a ser observadas por suspeitas de terem contraído Ébola fugiram durante o ataque de quarta-feira e apenas oito dos 12 pacientes com casos confirmados ficaram nas suas camas.

Os pacientes, entretanto localizados, foram transferidos para outra unidade de tratamento.

As autoridades estão à procura dos quatro pacientes desaparecidos infetados com o vírus altamente contagioso.

O ataque de quarta-feira foi semelhante ao de domingo, quando um grupo de atacantes não identificados incendiou um centro de tratamento em Katwa, que provocou a morte de uma pessoa e ferimentos noutra.

A violência contra os centros de apoio tem instigado o medo da rejeição de ajuda humanitária por parte da comunidade, que enfrenta o seu décimo surto de Ébola.

A atual epidemia de Ébola é já considerada pelo Governo congolês como a maior da história do país em número de mortos e contágios.

No boletim divulgado hoje pelo Ministério da Saúde do país, as autoridades confirmaram o registo de 820 casos de contágio e a morte de 490 pessoas devido ao vírus da febre hemorrágica.

Em 1995, o Ébola provocou a morte a 250 pessoas na cidade de Kikwit, na província de Kwilu, no sudoeste da República Democrática do Congo.

No período de 2014 a 2016, a epidemia do vírus Ébola, que afetou a África Ocidental, foi considerada pela Organização Mundial da Saúde como a mais complexa, desde que o vírus foi descoberto.

LUSA

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