“É preciso tornar as cadeias de abastecimento de medicamentos cada vez mais seguras e resilientes”
Nuno Flora, Presidente Executivo da ADIFA, faz um balanço da 9.ª Supply Chain Conference do GIRP - European Healthcare Distribution Association, que teve lugar em Lisboa durante os dias 14 e 15 de outubro. Em entrevista, apela a que haja mais transparência e trabalho colaborativo para evitar problemas de escassez de medicamentos.

Qual o balanço da 9.ª Supply Chain Conference do GIRP – European Healthcare Distribution Association?
É um balanço muito positivo, foram dois dias de trabalho intenso em que se abordaram os desafios que enfrentamos, atualmente, como as perturbações na cadeia de abastecimento global ou a escassez de medicamentos. Contámos com a participação de mais de 120 pessoas, de 22 países europeus.
Quais foram as principais mensagens?
Essencialmente, é preciso tornar as cadeias de abastecimento cada vez mais seguras e resilientes. E isto só é possível através da colaboração de todos e com transparência de informação entre todos (agentes de indústria distribuidora e farmacêutica, entidades reguladoras, agentes no mercado). É preciso haver transparência no abastecimento do mercado, na informação sobre stocks, da procura, etc. Já existem projetos colaborativos, que permitem mitigar dificuldades de abastecimento que possam surgir, de forma antecipada. Vivemos há anos num mercado onde há falhas de medicamentos, onde se assiste a uma grande concorrência dos países no acesso ao medicamento e em que é preciso detetar atempadamente estes constrangimentos para se poder dar resposta e encontrar alternativas.
“A nossa missão continua a ser clara: garantir que os pacientes, em toda a Europa, tenham acesso aos medicamentos de que necessitam, quando e onde for necessário”
Por que razão existem problemas de escassez de medicamentos? É apenas a concorrência?
Existem várias questões: problemas na produção, no transporte, guerras, entre outros. Além da conjuntura internacional, não podemos esquecer que Portugal é um mercado pequeno, pouco atrativo e em que os preços dos medicamentos são mais baixos do que noutros países – e têm continuado a descer. Temos de inverter este caminho e trabalhar melhor para ultrapassar este tipo de situações.
A evolução tecnológica é uma forte aliada para esses projetos colaborativos?
Sim, estamos numa fase de mudança de paradigma, com a adoção da IA, que pode ajudar muito na cadeia de abastecimento do medicamento, através da gestão e organização de stocks. Pode, inclusive, contribuir para a melhoria da logística, ao definir a melhor rota, tendo em conta o trânsito, a capacidade dos veículos, etc. A IA pode melhorar, e muito, a eficiência. A ADIFA está atenta a esta evolução. A nossa missão continua a ser clara: garantir que os pacientes, em toda a Europa, tenham acesso aos medicamentos de que necessitam, quando e onde for necessário. Para tal, é preciso reiterar a necessidade de desenvolver uma cooperação estreita entre todos os stakeholders do setor para que, em conjunto, possamos explorar a forma como podemos melhorar a eficiência, a sustentabilidade e a colaboração em toda a cadeia de abastecimento.
MJG
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