15 Dez, 2021

DPOC. “Cerca de 55% dos doentes vivem com falta de ar”

Segundo o pneumologista Vitor Oliveira Fonseca, pneumologista no Hospital de Cascais, o tabagismo continua a ser uma das principais exposições de risco para o surgimento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC). Deste modo, evitar a adoção de um estilo de vida saudável é condição essencial para a prevenção desta doença.

Qual o número mais atualizado de portadores de DPOC em Portugal?

Atualmente em Portugal calcula-se que a prevalência de portadores de DPOC em pessoas com mais de 40 anos seja de 14,2%, num total de cerca de 800 mil doentes com base em dados de 2013. Contudo existe uma carência de novos dados, pelo que se acredita que este valor seja mais elevado na atualidade, estimando-se que 86% dos portadores de DPOC ainda não tenham sido diagnosticados.

Quais são os principais sintomas desta doença, e de que forma é que estes podem ser confundidos com outras alterações do foro respiratório?

Os principais sintomas da DPOC, por ordem de prevalência e importância, são sobretudo a falta de ar/dispneia, a tosse crónica, a pieira e a expetoração crónica, bem como o cansaço e a fadiga. Estes são os sintomas comuns na maioria das patologias respiratórias como a asma, as bronquiectasias, as doenças intersticiais do pulmão ou o cancro do pulmão, mas também é comum encontrá-las noutras patologias do foro cardiovascular como a insuficiência cardíaca.

Existem outras doenças respiratórias que podem motivar o surgimento da DPOC?

Não existem doenças que possam levar ao surgimento da DPOC, mas sim exposições de risco, como o tabagismo, a exposição a combustão da biomassa e outras exposições profissionais com exposição significativa a gases/partículas nocivas.

doentes dpoc

Qual o impacto diário na vida de quem sofre com a doença?

O impacto da DPOC no dia a dia dos doentes pode ser bastante grave sendo um dos principais motivos de absentismo laboral e reformas antecipadas por doença respiratória em Portugal. Do ponto de vista clínico, até 55% dos doentes com DPOC vivem com falta de ar e até 33% vivem com tosse crónica. Outro fator a ter em conta é o impacto socioeconómico da doença, calculando-se um valor total de 715 milhões de euros associado à doença, do qual apenas metade representa custos diretos de tratamento e internamento dos doentes.

Que medidas devem ser tomadas, de forma a melhorar o acompanhamento destes doentes pelo SNS?

A principal medida a ser tomada no SNS será o diagnóstico precoce da doença e a prevenção do tabagismo, com alargamento de consultas de cessação tabágica e a criação de consultas de patologia respiratória nos cuidados de saúde primários em articulação com os serviços de Pneumologia hospitalares para diagnóstico e tratamento precoce destes doentes, de forma a reduzir significativamente a morbimortalidade associada à DPOC.

Que conselhos deixa aos portadores de DPOC, de modo a melhorarem a sua qualidade de vida?

Os principais conselhos para os doentes com DPOC, serão sobretudo a evicção tabágica, a prática de exercício físico regular e um estilo de vida o mais saudável possível, uma vez que, a par da terapêutica farmacológica instituída, poderemos reduzir significativamente os sintomas e as limitações impostas pela doença. Neste período pandémico e início de inverno, a vacinação da gripe, da pneumonia e para a COVID-19 assumem igualmente um papel preponderante na melhoria da qualidade de vida dos doentes com DPOC.

Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais