22 Fev, 2024

Dor articular. “Nem sempre somos consultados pelos doentes quando surgem as primeiras queixas”

"A dor articular é uma das principais queixas que levam os doentes à consulta de Ortopedia", revela Eduardo Pegado, Ortopedista e diretor clínico do Hospital CUF Torres Vedras em entrevista ao SaúdeOnline.

Eduardo Pegado começa por afirmar que “são várias as causas e as localizações da artralgia (dor articular)”. Sabe-se, contudo, que “90% da população mundial terá pelo menos uma vez dor neste local”. De acordo com o médico, a dor articular pode ter origem degenerativa ou inflamatória. “De um modo geral, podemos afirmar que as localizações mais frequentes são a coluna vertebral, as ancas, os joelhos e as mãos”.

No que diz respeito ao diagnóstico, o ortopedista salienta que “infelizmente, nem sempre somos consultados pelos doentes na altura certa, isto é, quando surgem as primeiras queixas”. “Nas situações do foro reumatológico e nas idades mais jovens é mais frequente a procura de apoio médico mais cedo”.

Segundo o médico, a Medicina Física e da Reabilitação e as consultas de dor crónica têm uma “importância enorme quando falamos da qualidade de vida dos doentes com artralgia”, dado que “o controlo da dor e a manutenção de um grau aceitável de autonomia não é possível sem elas”.

Quanto às especificidades de tratamento de um doente polimedicado e/ou com doença autoimune, Eduardo Pegado refere que estas situações, apesar de diferentes, podem coexistir na mesma pessoa. “O doente polimedicado é aquele que tem uma artrose da anca e simultaneamente pode ser diabético, hipertenso, entre outras doenças. O portador de doença autoimune é aquele que, pela mesma causa, tem atingimento de vários órgãos ou sistemas, cada um deles com uma especificidade funcional. Tanto num como noutro há que ter atenção às interações medicamentosas, procurando as melhores soluções para cada caso”.

A Psicologia e o exercício físico, apesar de importantes no tratamento destes doentes, são abordagens que, “inicialmente não são sempre aceites” pelos doentes. Contudo, por norma, “depois de envolvidos numa abordagem multidisciplinar, gostam e recomendam”. “Neste campo, é igualmente importante o envolvimento familiar. São áreas de grande valor, frequentemente prejudicadas pela iliteracia em saúde e pela falta de oportunidades”.

No que diz respeito aos avanços na área da dor articular para os próximos tempos, o médico afirma que estes incidirão em “garantir diagnósticos cada vez mais precoces e de melhorar, ainda mais, a qualidade de vida dos doentes”. “A inovação na área farmacológica, um conhecimento mais generalizado sobre a dor articular e o desenvolvimento das opções de tratamento serão cruciais”, refere.

Eduardo Pegado salienta ainda a importância de se reunirem profissionais de várias especialidades com o intuito de debater os avanços nesta área. “Estes doentes existem e as queixas de dor articular cada vez são mais frequentes. As soluções encontradas para o seu tratamento e acompanhamento estão sempre a evoluir e cada vez mais especialidades se debruçam sobre o tema. Estes encontros, dos quais é exemplo aquele que foi promovido no passado dia 16 pela CUF Academic Center, são fundamentais de modo a divulgar o estado da arte e atualizar conhecimentos junto dos profissionais de saúde que, mais frequentemente, contactam com estes doentes, desde os médicos de Medicina Geral e Familiar e de Ortopedia, aos de Medicina Interna”.

CG

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