12 Jul, 2019

Doentes que são operados por cirurgiões vasculares ficam menos tempo de baixa

Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto concluíram que os pacientes operados por especialistas em cirurgia vascular ficam “menos tempo de baixa médica” e retomam a atividade física “mais rápido” do que quando operados por cirurgiões gerais.

Em declarações à agência Lusa, Sérgio Sampaio, professor e investigador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), explicou hoje que o estudo, desenvolvido nos últimos dois anos, visava “avaliar o impacto que a formação específica prévia de um médico tem nos resultados das cirurgias realizadas” às varizes.

“Interessou-nos saber até que ponto existiam diferenças nos métodos e resultados das cirurgias realizadas por cirurgiões gerais e cirurgiões vasculares”, apontou.

Durante o estudo, os investigadores avaliaram mais de 150 mil pacientes que foram operados às varizes entre 2004 e 2016, em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, mais tarde, selecionaram 315 doentes para responder a um inquérito de satisfação.

Segundo o investigador, as questões do inquérito estavam relacionadas com a satisfação dos pacientes no que diz respeito ao período pós-operatório, qualidade de vida, rapidez da recuperação e dias de absentismo.

De acordo com o estudo, os pacientes que foram intervencionados por um especialista tiveram alta médica “mais cedo” do que os restantes, com a taxa de hospitalização prolongada a rondar os 3% contra os 14% do grupo de pacientes operado por um cirurgião geral.

Os resultados obtidos com o inquérito de satisfação demonstram também que este grupo de pacientes teve uma recuperação mais rápida, faltando em média 27 dias ao trabalho, e retomou a prática de atividade física mais cedo, demorando em média 41 dias, contrariamente ao grupo geral, que faltou em média 40 dias ao trabalho e demorou 60 dias a retomar a atividade física.

“Especificamente, o resultado estético, a exaustividade na eliminação das varizes e a carga socioeconómica associada a esta cirurgia demonstraram-se mais favoráveis quando o procedimento foi efetuado por cirurgiões vasculares”, disse Sérgio Sampaio, coordenador da investigação.

O presente estudo mostrou ainda que o número de pacientes que poderão vir a ser novamente operados é “maior quando o procedimento é efetuado por um cirurgião geral (13,5% contra 8,2%)”.

À Lusa, Sérgio Sampaio adiantou que este estudo poderá “servir de mote” para futuras investigações, mas também para iniciar uma “discussão” sobre o tema.

“Deverá a cirurgia de varizes continuar a ser promovida como executável por cirurgiões sem treino específico muito limitado em cirurgia vascular?”, concluiu.

 

LUSA/SO

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