24 Mar, 2023

Direção executiva do SNS quer mudar sistema de referenciação de casos não urgentes

Fernando Araújo, diretor executivo do SNS, considera que o tema das urgências de casos menos graves é "impopular", mas "não é mais adiável”, face ao "consumo exagerado" de cuidados de saúde nestas situações.

A direção executiva do SNS anunciou que “vai tomar medidas” para alterar o sistema de referenciação para as urgências, nomeadamente dos casos não urgentes, advertindo que é “uma situação inadiável”.

“Temos de atuar na questão da referenciação dos doentes para os serviços de urgência e aqui refiro-me muito à questão dos [casos em que são atribuídas pulseiras] azuis e verdes. Este é um tema sempre discutido em muitos locais, mas sempre adiado porque é um tema impopular”, disse o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, na abertura da primeira edição do “SNS SUmmit”, que decorreu ontem, na Aula Magna do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Dirigindo-se a uma plateia com diretores clínicos, médicos, enfermeiros, entre outros, Fernando Araújo vincou que é uma área que será aprofundada e que a direção executiva irá “tomar as medidas que têm que ser tomadas para conseguir alterar este sistema”.

Segundo o responsável, Portugal tem “um consumo exagerado” de cuidados de saúde em termos de doença aguda, sendo necessário “conseguir influenciar e alterar esse processo e da mesma forma também dar formação sobre a gestão dos percursos de saúde”. “A porta de urgência não pode ser o primeiro local onde as pessoas pensam ir quando têm alguma patologia aguda em termos clínicos e essa é uma responsabilidade de todos nós e um caminho longo, mas que tem de ser feito de uma forma consistente”, vincou.

No seu entender, é preciso encontrar “outras portas antes da urgência” para responder a situações menos urgentes, sendo os cuidados de saúde primários fundamentais. “Nós temos, felizmente, equipas de profissionais, médicos, enfermeiros, mas também nutricionistas, psicólogos, e outros, que são equipas excecionais, com enorme capacidade, e temos de ser capazes de nos organizar para dar uma resposta à doença aguda menos grave de forma diferente”, vincou.

Por outro lado, defendeu, também há “um caminho que tem de ser feito” em termos da gestão das camas hospitalares e de demora média de internamento. “Não é possível continuarmos a ter doentes no corredor de urgência com camas vazias dentro do hospital. E essa é uma mudança que tem de ser conseguida nas várias posições”, salientou.

O diretor executivo adiantou que uma equipa da Comissão Europeia que está a ajudar Portugal em termos de planeamento referiu, pelos seus cálculos, que se a demora média de internamento fosse semelhante ao melhor hospital de cada grupo, haveria mais de 2.000 camas por dia no país.

O SNS SUmmit constitui um fórum de partilha e discussão de boas práticas entre os Serviços de Urgência das diferentes unidades do SNS, os Agrupamentos de Centros de Saúde e as instituições que coordenam o fluxo dos utentes.

LUSA

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