11 Nov, 2021

Demissão em bloco de médicos do hospital de Santa Maria é “grito de alerta”

Segundo o bastonário dos médicos, os clínicos estão com “imensa dificuldade” em dispor das equipas adequadas às necessidades do serviço.

O bastonário da Ordem dos Médicos manifestou-se solidário com os chefes de equipa de urgência cirúrgica do Hospital de Santa Maria, considerando o seu pedido de demissão em bloco como um “grito de alerta”.

“Estamos solidários com os médicos. Obviamente que irei falar com eles e irei ouvir também a administração. No meio disto tudo, queremos é resolver o problema”, disse à Lusa Miguel Guimarães, que anunciou que pretende visitar o hospital brevemente.

Segundo o bastonário, os clínicos estão com “imensa dificuldade” em dispor das equipas adequadas às necessidades do serviço, face ao recurso de horas extraordinárias.

“Os hospitais vão sempre resistindo ao cumprimento de determinado tipo de regras e de situações e vão tentando arranjar subterfúgios ou para pagar menos, ou para não pagar, ou para, de alguma forma, tentar que as pessoas façam cada vez mais horas extraordinárias até aos limites totalmente inaceitáveis”, adiantou Miguel Guimarães.

De acordo com o bastonário, uma das soluções passa por aplicar a legislação que existe, seja nos “limites das horas extraordinárias, seja no pagamento destas mesmas horas”.

Os 10 chefes de equipa de urgência cirúrgica enviaram hoje uma carta ao diretor clínico do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), na qual apresentam a sua demissão em bloco a partir de 22 deste mês.

Na carta, a que a Lusa teve acesso, os cirurgiões adiantam que a urgência cirúrgica do CHULN “vem-se degradando nos últimos anos, agravada recentemente pela tomada de posição dos assistentes hospitalares do departamento que recusam ultrapassar, nas atuais condições de trabalho, mais do que as horas extraordinárias consideradas na lei”.

Depois de se solidarizarem com estes assistentes hospitalares, os médicos demissionários consideram que a escala de urgência de cirurgia geral “não é exequível, segundo o regulamento de constituição das equipas de urgência”.

Após ser conhecido o pedido de demissão, o CHULN manifestou “total abertura e empenho” para melhorar as questões de organização interna identificadas na carta apresentada pelos chefes de equipa de cirurgia da urgência central.

Em comunicado, o CHULN confirma a receção de uma carta elaborada por chefes de equipa da área cirúrgica da Urgência Central, documento que aponta questões de organização interna e distribuição de serviço a serem resolvidas até 22 de novembro.

“O Conselho de Administração do CHULN mostra total abertura e empenho na melhoria das questões identificadas, tendo já agendado reuniões com os respetivos serviços para o início da próxima semana para lhes dar rápida resposta”, refere no comunicado.

Segundo o centro hospitalar, estas equipas mantêm-se em funções e “o Serviço de Urgência Central do CHULN continua a funcionar com toda a normalidade, cumprindo o seu papel de unidade diferenciada de fim de linha”.

Perante esta situação, o Sindicato dos Médicos da Zona Sul, ligado à Federação Nacional dos Médicos, anunciou que vai pedir uma reunião urgente ao conselho de administração e à direção clínica do CHULN.

LUSA

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