Cuidados Paliativos. Equipa de Gaia considerada como “um dos melhores centros mundiais”
A Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos (ECSCP) Gaia é considerada como “um dos melhores centros mundiais de prestação de Cuidados Paliativos”. A conclusão consta de um estudo publicado no Journal of Primary Care & Community Health, que avaliou vários indicadores de qualidade e performance.
A Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos (ECSCP) Gaia manteve uma capacidade de iniciação de cuidados após referenciação com mediana de 24 horas ([2h-56h]), “um resultado que é único em todo o mundo”, afirma Hugo Ribeiro.
A avaliação teve em conta os 450 processos clínicos de doentes que foram avaliados e acompanhados por esta equipa em 2023.
O médico paliativista da ECSCP Gaia realça, ainda, outros dados em destaque, nomeadamente “o controlo mais eficaz de sintomas, redução da medicação potencialmente inadequada, aumento da qualidade de vida e sobrevivência maior do que era expectável”.
No âmbito da farmacologia, é ainda sublinhada a aposta em medicação “em SOS” e ensinos ao cuidador, “fator que foi significativamente relacionado com a capacidade de cuidar em casa, promovendo tranquilidade a quem cuida”.
O trabalho desenvolvido permitiu, desta forma, uma redução “muito acentuada” das recorrências ao serviço de urgência hospitalar (entre 2000 e 2500) em 2023.
Acresce, ainda, o acompanhamento psicológico aos doentes e famílias, que passou de 6,4% para 100% e a garantia de direitos sociais básicos (como complemento por dependência e atestado multiusos), que passou de 50% para 100%.
O estudo contrapôs a recomendação europeia de números mínimos de médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos nas equipas de Cuidados Paliativos e propõe o “aumento significativo” destes números para serem atingidos resultados idênticos aos desta equipa.
Alerta também para as “diferenças significativas” de abordagem em Medicina Paliativa, sugerindo “mais e melhor formação na área”.
O sucesso resume-se, essencialmente, num modelo centrado nas necessidades dos doentes, com a possibilidade de várias visitas diárias à residência do doente em caso de necessidade. Mas, também, como salienta Hugo Ribeiro, na alta dos Cuidados Paliativos e numa “nova integração, rápida, caso haja novo agravamento e necessidade de aporte de valor com a intervenção”.
Este estudo foi liderado pelo médico e professor da FMUC e da FMUP, Hugo Ribeiro, tendo tido ainda a colaboração da professora da FMUC e diretora do Centro de Estudos e Desenvolvimento dos Cuidados Continuados e Paliativos, Marília Dourado, e dos professores da FMUP, José Paulo Andrade e João Rocha Neves.
“Trata-se de um artigo com uma importância central para a organização do sistema de saúde português, sendo a única publicação internacional que avalia a transição de cuidados de uma perspetiva multidimensional, biopsicossocial e organizacional”, pode ler-se em comunicado.
MJG
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