27 Out, 2021

Cruz Vermelha. Governo indica Ana Jorge para presidente mas conselheiros vão travar nomeação

Ex-ministra socialista não reúne unanimidade necessária. Francisco George, atual presidente da Cruz Vermelha, pode ser reconduzido.

O Conselho Supremo da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) reúne-se na quarta-feira para escolher o futuro presidente da instituição, sendo o nome indicado pelo Governo a antiga ministra da Saúde e pediatra Ana Jorge. Contudo, existe ainda a possibilidade de os conselheiros proporem a recondução de Francisco George no cargo de presidente.

Assim sendo e, como adianta o Expresso, a escolha não vai ser consensual. Sete dos cerca de 40 vogais da CVP já avisaram o Governo que vão recusar o nome da ex-ministra socialista. Deste modo, e uma vez que a decisão tem de ser obrigatoriamente tomada por unanimidade, Ana Jorge não terá o apoio necessário para ser eleita.

Os conselheiros que estão contra a nomeação de Ana Jorge apoiam a recondução de George, destacando os “resultados obtidos nos últimos quatros anos, desde logo “o esforço de saneamento económico, financeiro e de orgânica da organização (há muito carecida deste investimento)”. Para além disso, numa carta aberta, sublinham que “o mandato que agora cessa foi marcado por acontecimentos que afirmaram a qualidade e compromisso da atividade desenvolvida, a saber o combate à pandemia e a presença nacional e internacional em frentes de apoio humanitário. Estes factos, entre outros, contribuíram para elevar o reconhecimento e notoriedade pública da CVP fruto também do trabalho desenvolvido pelo presidente, Francisco George”

Segundo as regras, a decisão terá que reunir o consenso de todos os conselheiros que compõem o Conselho Supremo da Cruz Vermelha, que propõe depois ao primeiro-ministro e ao ministro da Defesa Nacional a nomeação do novo presidente, que é nomeado por despacho conjunto do chefe do Governo e do ministro João Cravinho.

Já Francisco George não se recandidatou ao cargo, embora tenha manifestado disponibilidade para continuar no cargo, “havendo consenso em torno do nome dele”.

Contactado pela agência Lusa, Francisco George, que termina agora o primeiro mandato de quatro anos, não se quis pronunciar sobre o processo, afirmando apenas que espera que “decorra na mais perfeita normalidade na perspetiva do desenvolvimento da Cruz Vermelha Portuguesa”.

Igualmente contactada pela Lusa, Ana Jorge afirmou que aceitou o convite para “mais um desafio” na sua longa carreira na área pública.

“Neste momento sou candidata. vamos ver o que acontece amanhã. Vou aguardar”, disse Ana Jorge, acrescentando: “É mais um desafio grande, mas faço-o com toda a dedicação, com todo o empenho que normalmente costumo colocar naquilo que aceito fazer”.

“É um desafio novo numa fase já muito avançada, mas acho que ainda poderei contribuir. Se acharam isso, irei dignificar, contribuir a honrar os princípios da Cruz vermelha, mas tudo dependerá daquilo que for o sentido do Conselho Supremo, mas aceitarei qualquer decisão que for tomada”, sustentou Ana Jorge.

Se o processo não ficar resolvido esta quarta-feira, porque não se chegou a um consenso em torno do nome apresentado, seguem-se três reuniões que se realizam num período máximo de cinco dias para ver se há unanimidade.

Se não se conseguir chegar ao consenso durante este processo há um grupo que se reúne, constituído pelo representante do Ministério da Defesa, pela presidente da Assembleia-Geral da Cruz Vermelha e pelo presidente do Conselho Fiscal da CVP. Em último caso, a decisão caberá a estas três pessoas. A acontecer, seria inédito na história da Cruz Vermelha.

SO/LUSA

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