8 Out, 2025

Coordenador do programa de prevenção de suicídio defende rede de atendimento para jovens em sofrimento emocional

O coordenador do programa de prevenção do suicídio destacou a importância de gabinetes de atendimento nas escolas, onde os jovens possam “ser ouvidos sem juízos críticos ou morais”.

Coordenador do programa de prevenção de suicídio defende rede de atendimento para jovens em sofrimento emocional

O coordenador do programa de prevenção do suicídio nas escolas +Contigo, José Carlos Santos, defendeu hoje a criação de uma rede de atendimento que permita aos jovens serem ouvidos sem julgamento e encaminhados para cuidados especializados sempre que necessário.

Em declarações à agência Lusa, a propósito do Dia Mundial da Saúde Mental, que se assinala na próxima sexta-feira, e após o suicídio de dois alunos de uma escola em Castro Daire, o responsável sublinhou que o programa não está a intervir neste caso específico, mas destacou a necessidade de reforçar estratégias de prevenção.

José Carlos Santos, enfermeiro especialista em saúde mental e psiquiátrica e recentemente nomeado coordenador clínico da Linha Nacional de Prevenção do Suicídio 1411, afirmou que é essencial “estar atento a sinais de sofrimento nos jovens, evitar o isolamento e criar uma rede de apoio próxima”.

O responsável destacou a importância de gabinetes de atendimento nas escolas, onde os jovens possam “ser ouvidos sem juízos críticos ou morais”, validando o sofrimento e permitindo o encaminhamento para cuidados de saúde mental mais diferenciados quando necessário.

Sublinhou ainda que a prevenção do suicídio é uma responsabilidade coletiva: “São importantes os colegas dos adolescentes, mas também os pais, os vizinhos, os professores e os profissionais de saúde. É uma tarefa de todos e todos devemos estar envolvidos.”

José Carlos Santos alertou, contudo, para o risco de dramatizar em excesso: “Falamos de situações muito dolorosas, mas é importante não hipervalorizar sintomas que podem ser normais na adolescência. O equilíbrio é essencial.”

Nos casos de maior vulnerabilidade, os jovens podem recorrer ao psicólogo da escola, aos centros de saúde ou à Linha 1411, que oferece apoio emocional e esclarecimento de dúvidas.

Criado em 2008, o Programa +Contigo promove a saúde mental e previne comportamentos suicidários através de ações em escolas e cuidados de saúde primários, envolvendo profissionais de saúde, alunos, encarregados de educação, professores, assistentes operacionais e autarquias.

“Há uma intervenção em sala de aula dirigida aos alunos e outras ações específicas para pais, professores e auxiliares”, explicou. Quando ocorre um suicídio numa escola, o programa assegura acompanhamento continuado ao longo do ano, de forma a apoiar a comunidade educativa e prevenir o chamado “efeito de contágio”.

Embora a taxa de suicídio entre adolescentes em Portugal seja relativamente baixa (cerca de quatro por mil habitantes), o coordenador alertou que o número “merece a maior atenção”, sobretudo face ao aumento dos comportamentos autolesivos, como cortes ou ferimentos. “Estes comportamentos são muitas vezes pedidos de ajuda e devem ser levados a sério”, advertiu.

No último ano letivo (2024-2025), o programa avaliou cerca de 18 mil alunos: 41% apresentavam sintomas depressivos ligeiros, 26,5% sintomas moderados ou graves, 2.069 adolescentes foram identificados em risco de comportamento suicidário, sendo 70,6% raparigas.

Cerca de 200 jovens foram encaminhados para cuidados especializados. Desde a sua criação, o +Contigo já chegou a mais de 80 mil alunos, em 1.215 escolas de todo o país e ilhas.

Contactos de apoio e prevenção do suicídio:

Linha Nacional de Prevenção do Suicídio – 1411
SOS Voz Amiga – 213 544 545 | 912 802 669 | 963 524 660
Conversa Amiga – 808 237 327 | 210 027 159
SOS Estudante – 915 246 060 | 969 554 545 | 239 484 020

SO/LUSA

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