Aumenta o número de pedidos de escusa de responsabilidades entre médicos e enfermeiros

Só no último mês, os enfermeiros apresentaram mais de mil pedidos de escusas de responsabilidades. Juntamente com médicos, os enfermeiros denunciam falta de condições para cuidar dos doentes com segurança e qualidade, adianta o Jornal de Notícias.

A quantidade de escusas de responsabilidade recebidas na Ordem dos Enfermeiros (OE) tem sido um dos sinais de alerta sobre as condições de trabalho no Serviço Nacional de Saúde (SNS). “Em Faro, praticamente todas as equipas do Serviço de Urgência apresentaram escusas”, afirmou a bastonária da OE, Ana Rita Cavaco.

Também do Centro Hospitalar de Leiria chegaram 1006 escusas de responsabilidade, acrescentou o presidente da Secção Regional do Centro da OE, Ricardo Correia Matos, explicando que a maior parte destas são justificadas pelo “défice de pessoal e dinâmicas de serviços”, razões que não permitem garantir um serviço seguro nos cuidados para doente e enfermeiro. Do Hospital das Caldas da Rainha, até ontem, tinham chegado 136 pedidos e do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra foram 75 do principal Serviço de Urgência.

De acordo com o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, não é só entre os enfermeiros que estes pedidos têm aumentado. Entre os médicos as escusas de responsabilidade surgem de várias especialidades, como a Pediatria, Obstetrícia e Cirurgia Geral. Também as notícias de demissões, que vêm acompanhadas destes pedidos, são cada vez mais comuns.

“É tão grave que já nem os porta-aviões escapam”, diz o bastonário, com a garantia de que estas demissões vão continuar. Já o presidente da Federação Nacional dos Médicos, Noel Carrilho, anuncia que todos estes pedidos somados às denúncias de rutura iminente “são gritos de alerta que vão multiplicar e reproduzir pelo país fora e não são os sindicatos que estão a estimular isto. São movimentos espontâneos”.

SO