Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo quer equipas especializadas nos centros saúde

A Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) apelou hoje para a criação, em cada Unidade de Saúde Familiar, de equipas especializadas e preparadas para despistar através da teledermatologia suspeitas de cancro de pele

O repto foi lançado pelo secretário-geral da APCC, Osvaldo Correia, que diz que o equipamento necessário para estes médicos e enfermeiros pagar-se-ia ao evitar três cirurgias desnecessárias que hoje se fazem.

“É esta a proposta da APCC: em cada três doentes operados desnecessariamente paga-se o equipamento”, afirmou Osvaldo Correia, na apresentação, em Lisboa, dos últimos dados sobre cancro de pele em Portugal e da campanha do Dia dos Cancros da Pele (Dia do Euromelanoma), que se assinala dia 17.

Depois de ouvir o responsável da APCC, Fernando Araújo, secretário de Estado da Saúde, lembrou que o Governo tem feito um esforço a este nível colocando câmaras para os médicos de medicina geral e familiar poderem utilizar nestes casos e reconheceu que, em conjunto, talvez este trabalho possa ser acelerado.

“Duplicámos as consultas de dermatologia no ano passado, precisamos de insistir na formação de mais dermatologistas e ao nível dos cuidados primários estão a ser instaladas mais câmaras e os médicos hoje estão mais abertos. Em conjunto, poderemos acelerar este processo, para termos respostas em tempo oportuno”, afirmou Fernando Araújo.

Na apresentação dos números mais recentes do cancro de pele em Portugal, Osvaldo Correia lembrou que no último rastreio nacional foram vistas mais de 1.700 pessoas em mais de 40 serviços de dermatologia e em 21% dos casos as pessoas tinham antecedentes de queimaduras solares.

O responsável sublinhou a importância da literacia nesta matéria, frisando que nem sempre a população reconhece os sinais, e exemplificou: “além dos sinais, em alguns casos as pessoas identificaram o risco de cancro de pele mais com o calor do que com o nível de raios UV”.

“O sol é igual em todo o lado, seja na praia ou no campo, e é preciso lembrar que mesmo com sombra, a areia reflete os raios solares, a água também. A melhor proteção é juntar a roupa, o chapéu e o protetor solar, mas este tem de ter alguma espessura para conferir proteção”, afirmou.

Osvaldo Correia recordou os números do último Registo Oncológico Nacional (2010) para lembrar que os casos entre os 20 e os 40 anos são mais frequentes do que era desejável.

Foram revelados também alguns dados do rastreio feito na ilha de S. Jorge, nos Açores, onde segundo a APCC a taxa de incidência de cancros de pele é “das mais elevadas do país”. Naquela ilha foram vistas 350 pessoas, 50 submetidas a cirurgia e 100 a criocirurgia.

Meia centena de serviços de dermatologia vão participar, no dia 17, no rastreio gratuito que decorre no âmbito do Dia dos Cancros da Pele e que no ano passado examinou mais de 1.700 pessoas. Destas, em 300 foram detetados sinais irregulares, 126 tinham queratoses actínicas (percursor do carcinoma espinocelular), 14 suspeitas de melanomas e 82 carcinomas.

LUSA/SO/CS

 

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