1 Fev, 2023

Afluência às urgências aumentou em 2022 e aproxima-se dos níveis pré-pandemia

No ano passado, registaram-se mais de 6 milhões de atendimentos e duas regiões do país já sentiram uma procura maior do que antes da pandemia.

A afluência às urgências hospitalares registou no ano passado um crescimento significativo, depois de dois anos (2020 e 2021) marcados por uma diminuição da procura destes serviços, em consequência da pandemia de covid-19.

Assim, em 2022, registaram-se mais de 6 milhões de atendimentos (concretamente, 6.081.512), segundo os dados agora atualizados e que estão disponíveis para consulta no Portal da Transparência do Serviço Nacional de Saúde (SNS), citados pelo jornal Público.

Este valor representa um aumento de cerca de 17% em relação aos episódios de urgência de 2021, que rondaram os cinco milhões e duzentos mil. Quando a comparação é feita com 2020, o crescimento é ainda mais expressivo, uma vez que, nesse ano, “apenas” se verificaram 4 milhões e quinhentos mil atendimentos (4.552.074).

Ainda assim, e apesar da evolução, a afluência registada às urgências em 2022 ainda está 5,6% abaixo da de 2019, o último ano pré-pandémico e o ano em que foi batido o recorde de atendimentos nestes serviços (6.425.560). Em 2022, por outro lado, vários hospitais anunciaram terem sido batidos recordes de atendimentos diários nas urgências – alguns referem mesmo ter sentido, sobretudo no segundo semestre do ano, um nível de procura já superior ao de 2019.

Na segmentação por regiões, diga-se que duas delas (Norte e Algarve) já ultrapassaram mesmo os atendimentos em urgência feitos em 2019.

Perante estes dados, os responsáveis hospitalares admitem que a pandemia não trouxe uma mudança estrutural no que diz respeito à procura pelos serviços de urgência. A falta de respostas a montante, nomeadamente nos cuidados de saúde primários, continua a forçar o recurso às urgências. A provar isto mesmo está a taxa de utentes triados como poucos urgentes (isto é, que recebem pulseiras azuis ou verdes) e que até aumentou o ano passado, para 44% – em 2019, rondava os 42%. A percentagem de doentes que acabaram por ficar internados diminuiu para 8,1%.

Enquanto nas urgências totais o número de atendimentos ficou ainda abaixo do de 2019, nas urgências psiquiátricas os valores pré-pandémicos já foram superados (naquilo que pode ser interpretado como uma consequência da deterioração da saúde mental provacada pela pandemia). Ainda abaixo do recorde de 2019 estão os episódios de urgência pediátrica.

SO

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