“A Medicina Geral e Familiar deve ser o coração do SNS”
O Bastonário da Ordem dos Médicos mostrou-se preocupado com o impacto das unidades locais de saúde (ULS) na Medicina Geral e Familiar, assim como de possíveis parcerias público-privadas. O responsável falou na sessão de abertura da 7.ª edição das Jornadas Multidisciplinares de MGF, que decorrem no Porto.

Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos (OM), começou a sua intervenção realçando a importância do legado da Medicina Geral e Familiar (MGF). Para o responsável, “a MGF é o coração do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, que permite uma aposta na prevenção da doença e na promoção da saúde. Uma estratégia que, na sua opinião, permite ter melhor saúde.
Mas, face aos desafios atuais do SNS, Carlos Cortes apelou aos mais de 3 mil internos e especialistas em MGF, que participam nas Jornadas, que não deixem desaparecer esse mesmo legado. “Preservem o que têm conquistado ao longo dos anos na MGF, dentro do SNS.”
Um pedido que, como acrescentou, se deve à preocupação com que vê as mudanças no setor, nomeadamente a expansão das unidades locais de saúde (ULS). “É um legado que pode estar em risco, porque a integração que se pretendia entre CSP e cuidados hospitalares não está verdadeiramente a funcionar”, sublinhou.
Relativamente ao recente anúncio, por parte da ministra da Saúde, de se avançar, com cinco parcerias público-privadas, Carlos Cortes lembrou que não se pode perder o foco na medicina preventiva, caso os CSP venham a ter gestão privada. “Não sou contra as PPP”, fez questão de dizer, mas, como acrescentou, “a gestão privada tende a apostar mais na doença“ e não tanto na prevenção.
O responsável enalteceu, ainda, o papel da MGF ao contribuir para uma medicina holística e de proximidade.
Um evento organizado “por e para a MGF”
Da parte da organização doe evento, coube a Paulo Pessanha, copresidente das Jornadas, dar as boas-vindas a uma iniciativa organizada “por e para a MGF”. Na sua intervenção lembrou que “a MGF é a pedra basilar em qualquer sistema de saúde” e que “sem uma MGF forte, com profissionais atualizados e diferenciados, não é de todo possível ter um sistema de saúde de qualidade”.
Na sua perspetiva, “só uma MGF eficaz, poderá assegurar uma política de saúde concertada, orientada para o doente, permitindo uma prestação de cuidados de excelência”. Face à relevância desta especialidade, Paulo Pessanha advertiu para a importância de “os médicos de família [serem] devidamente reconhecidos e acarinhados”.
Relativamente às Jornadas Multidisciplinares de MGF, que vão na 7.ª edição, congratulou-se com o facto de se ter tornado “no maior congresso médico”, realizado em Portugal. “As Jornadas nasceram, cresceram, frutificaram e afirmaram-se; passaram de umas jornadas de âmbito regional para nacional”. Lembrou, ainda, que a iniciativa, desde o primeiro ano, pretende ser “uma formação médica diversificada e interativa dirigida às reais necessidades formativas” da MGF.
Na sessão de abertura estiveram presentes, ainda, os copresidentes do evento Rui Costa e Manuel Viana, mas também Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto. As Jornadas começaram hoje e terminam no sábado, no Porto.
MJG
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