“A Candida albicans é responsável por 90% dos casos de candidíase vulvovaginal”

Em entrevista ao SaúdeOnline, Maria Geraldina Castro, membro da Secção Portuguesa de Uroginecologia da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, fala sobre candidíases vulvovaginais.

Quais são as infeções fúngicas vaginais mais frequentes?

O agente mais frequente é a Candida albicans, responsável por cerca de 90% dos casos de candidíase vulvovaginal, seguida da Candida glabrata. Existem várias outras espécies que surgem em muito menor frequência (<1-2%). As espécies não-albicans são mais frequentes nos casos de candidíases vulvovaginais recorrentes.

Quais as principais causas e fatores de risco?

Apesar de estar identificada uma longa lista de fatores de risco e fatores associados à candidíase vulvovaginal, a maioria das vezes não é possível identificar o fator precipitante. O fungo do género Candida está presente na flora vaginal normal da mulher e apenas provoca sintomas e infeção quando prolifera excessivamente. Entre os diversos fatores de risco envolvidos temos o uso de alguns antibióticos, contraceptivos hormonais com certos estrogénios em doses mais elevadas, a diabetes, a gravidez, fatores genéticos, imunossupressão (doentes sob quimioterapia, infeção VIH), stress e vários fatores comportamentais.

E quais os tratamentos mais adequados?

O tratamento de uma infeção fúngica é realizado com medicamentos antifúngicos. Existem duas formas de tratamento com este grupo de medicamentos: a forma tópica e a oral (comprimidos). Entre as formas tópicas, administradas por via vaginal, temos formulações em creme, comprimidos vaginais e óvulos.

A Secção Portuguesa de Uroginecologia tem publicado alguns consensos sobre este tipo de infeções. Há novidades nesta área?

Sim, existe uma publicação de consensos em infeções vulvovaginais, realizada em 2012, da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), à qual pertence a Secção Portuguesa de Uroginecologia. Atendendo à “antiguidade” destes consensos, a SPG pretende revê-los num futuro próximo. Há realmente novidades, particularmente nos métodos de diagnóstico e tratamento, daí a necessidade desta atualização.

Deveria apostar-se mais na prevenção, nomeadamente na literacia em saúde, nas consultas de Ginecologia e também de Planeamento Familiar, no caso de quem é acompanhado apenas nos cuidados primários?

Sem dúvida, é sempre importante investir na educação para a saúde e na prevenção, em qualquer área. No caso da candidíase vulvovaginal em particular, pode apostar-se na alteração de fatores comportamentais e promoção de estilo de vida saudável. A obesidade, o consumo excessivo de açúcar, a diabetes mal controlada, o uso de roupas justas e sintéticas, as piscinas com cloro, o duche vaginal, entre outros, são fatores predisponentes para a candidíase, que podem ser modificados. Também a automedicação deve ser evitada, a mulher deve recorrer ao médico para um correto diagnóstico e terapêutica.

 

SO 

Notícia relacionada 

Dor e endometriose

Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais