7 Set, 2018

70% dos fisioterapeutas em exercício formaram-se nos últimos oito anos

Em 2010, Portugal tinha 3 mil fisioterapeutas mas, atualmente, este número já ultrapassa os 12 mil. Criação da Ordem dos Farmacêuticos aguarda autorização da Assembleia da República.

Sete em cada dez fisioterapeutas em atividade formaram-se nos últimos oito anos, período em que o número destes profissionais quase quadruplicou, uma realidade que, segundo a Associação Portuguesa dos Fisioterapeutas (APFISIO), exige a regulação da profissão.

Dos cerca três mil fisioterapeutas em exercício em Portugal em 2010, passou-se para uma realidade atual que conta com perto de 12 mil efetivos, dos quais apenas 1.400 trabalham no Serviço Nacional de Saúde, revelam dados da associação divulgados a propósito do Dia Mundial da Fisioterapia, que se assinala no sábado.

A própria realidade do mercado de trabalho também mudou: se antes de 2013 existiam limitações para o estabelecimento de prática privada, a partir dessa data, a Entidade Reguladora da Saúde passou a emitir registos para o funcionamento das Unidades Privadas de Fisioterapia, com consequentes repercussões a nível profissional, refere a associação.

“É um mercado que ainda consegue acomodar, mas é uma situação que do ponto de vista de acompanhamento dos profissionais nos preocupa no bom sentido, porque entendemos que este multiplicar de fisioterapeutas e esta proliferação de práticas profissionais necessita de ser regulada por uma estrutura que possa acompanhar os profissionais e a profissão”, disse à agência Lusa o presidente da APFISIO, Emanuel Vital.

A criação da Ordem dos Fisioterapeutas foi aprovada na generalidade na Assembleia da República em 20 outubro de 2017, aguardando a aprovação na especialidade na Comissão Parlamentar do Trabalho.

Para Emanuel Vital, a criação da ordem “é uma realidade inadiável”: “A aprovação (…) tem que ser traduzida tão breve quanto possível na criação de facto da estrutura que permite regular, garantir o desenvolvimento da profissão e a qualidade e a segurança dos cuidados de fisioterapia”.

Para assinalar o Dia Mundial da Fisioterapia, a APFISIO vai apresentar um estudo com a caracterização da atividade profissional dos fisioterapeutas, que indica que o fisioterapeuta é um profissional jovem que dedica muitas horas por semana ao trabalho e investe na sua formação e desenvolvimento profissional.

O inquérito, que foi enviado para 3.900 endereços de correio eletrónico ativos, mas obteve apenas 212 respostas, correspondendo a uma taxa de resposta de 5,5%, indica que 70,8% dos inquiridos são mulheres, uma percentagem em linha com as entradas e saída registadas nos cursos universitários.

Indica ainda que 24,1% dos inquiridos concluíram o mestrado e 4,7% são doutorados, números considerados “surpreendentes” para Manuel Vital, que admite que “a amostra pode ter condicionado um pouco esse valor”.

Segundo o estudo, que irá ser apresentado no sábado no Fórum APFISIO – O Fisioterapeuta em Portugal: Traços de uma Identidade, em Carcavelos, a maioria dos profissionais tem entre 26 e 35 anos, embora os autores do estudo considerem que a faixa com menos de 25 anos está sub-representada na amostra, uma vez que mais de dois terços dos fisioterapeutas em exercício em Portugal se formaram entre 2010 e 2018.

O estudo indica ainda que as unidades privadas de fisioterapia ultrapassaram os hospitais como principais locais de atividade dos fisioterapeutas em Portugal, seguindo-se, por ordem decrescente, as unidades de medicina física e de reabilitação e as instituições particulares de solidariedade social.

“O retrato das qualificações e da atividade dos quase 12 mil fisioterapeutas portugueses aponta que, à data de hoje, eles estão mais do que preparados para assumir a autorregulação da sua profissão no seu país e constituir a Ordem dos Fisioterapeutas”, sublinhou Emanuel Vital.

Predominam os estabelecimentos com equipas reduzidas de fisioterapeutas (até cinco fisioterapeutas), sendo que apenas 22,6% contam com equipas com mais de dez profissionais. A maioria intervém em condições de saúde musculosqueléticas (55,2%), seguidas das neurológicas (17,5%) e cardiorrespiratórias e vasculares (10,4%).

LUSA

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