28 Jul, 2020

Urgências: “Não há condições para referenciar utentes pouco urgentes para médicos de família”

Federação Nacional dos Médicos (FNAM) diz que profissionais estão já sobrecarregados com a recuperação da atividade assistencial que foi adiada por causa da pandemia.

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) considera não estarem reunidas as condições para remeter os doentes pouco urgentes que acorrem às urgências hospitalares para os respetivos centros de saúde, sobretudo devido à atual situação pandémica que Portugal ainda atravessa.

Em comunicado, a FNAM explica que “o Ministério da Saúde decidiu referenciar os utentes dos serviços de urgência triados com cor branca (atendimento que pode ser programado), azul (não urgente) ou verde (pouco urgente) para os Cuidados de Saúde Primários”.

A FNAM alerta que listas de utentes dos médicos de família estão “sobredimensionadas (1.900 utentes por médico), sem uma ponderação adequada às características populacionais e à realidade epidemiológica, numa altura em que os Cuidados de Saúde Primários (CSP) estão sobrecarregados a orientar e tratar mais de 90% dos doentes suspeitos ou confirmados de COVID-19, para além da recuperação da atividade assistencial”. Por isso, diz este sindicato, “é irresponsável criar expetativas de atividades e procedimentos que impliquem o aumento dessa sobrecarga”.

Para além de esta decisão não ter em conta “a autonomia funcional das Unidades de Saúde, como consta do Regime Jurídico das Unidades de Saúde Familiar“, a FNAM aponta ainda para “um completo desconhecimento da realidade existente e das condições de trabalho dos CSP”, dado que esta medida não reflete sobre a necessidade de redimensionar as listas de utentes e de contratar mais médicos de família para que possa ser efetivada.

A Federação argumenta ainda que a marcação direta nas agendas do médicos de família destes doentes provenientes dos Serviços de Urgência pode gerar iniquidade no acesso aos CSP ao potenciar também que se faça uma “utilização errónea dos serviços“.

A Comissão Executiva da FNAM declara, assim, o descontentamento face “medidas avultas e unilaterais”, mostrando-se disponível para discutir as medidas que podem melhorar a integração de cuidados, sem comprometer a “qualidade assistencial” .

 

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