Úlceras por pressão em Cuidados de Saúde Primários

Médico Especialista em MGF, Pedro Silva Almeida integra a Comissão de Prevenção e Tratamento de Feridas do ACeS Grande Porto IV. Alerta para alguns cuidados que se deve ter para prevenir úlceras por pressão.

As úlceras por pressão (UPP) são lesões de pele e/ ou tecido subjacente, em resultado da pressão, ou desta em combinação com forças de cisalhamento. São mais comuns nas proeminências ósseas e em zonas de contacto com dispositivos médicos. Constituem uma causa relevante de morbilidade e mortalidade, impactando de forma significativa a qualidade de vida do doente/cuidador e requer um elevado consumo de recursos humanos e financeiros.

Estima-se que em Portugal existe uma prevalência de 0,7 utentes por 1000 habitantes com UPP e representam cerca de 21,4% de todas as lesões e cerca de 67,2% das feridas crónicas. Cerca de 61,8% dos utentes com UPP encontram-se nos Cuidados de Saúde Primários (CSP).

A escala de Braden é a mais utilizada para a avaliação do risco de UPP, contudo esta avaliação requer ainda recurso ao juízo crítico, avaliação criteriosa da pele e uma abordagem global e multidisciplinar.

O utente que se encontra imobilizado por doença crónica ou outro motivo (dispositivo médico) está exposto a um elevado risco de desenvolver UPP, sendo a capacitação do utente/cuidador fundamental na identificação de fatores de risco e na implementação de medidas de prevenção.

Os fatores de risco mais comummente associados com UPP são: idade superior a 65 anos, diminuição de mobilidade, exposição a irritantes cutâneos (ex.: secundário a incontinência urinária e/ou fecal), perda de sensibilidade, dificuldade de cicatrização (ex.: decorrente de desnutrição, diabetes, hipoperfusão tecidual secundária a doença arterial periférica, imobilidade).

As localizações mais frequentes são a isquiática, sacrococcígea, trocantérica e calcânea. Existem 6 categorias para a classificação das UPP, do grau 1 até ao 4, dependendo da profundidade e dos tecidos atingidos e 2 outras que representam as suspeitas de lesão tecidular profunda e as inclassificáveis. A classificação permite uma melhor abordagem terapêutica e a monitorização da sua evolução.

O tratamento da UPP depende do seu grau de gravidade e deve incluir: redução da pressão, tratamento local das lesões, tratamento da dor, controle da infeção, avaliação e correção das necessidades nutricionais, terapias adjuvantes ou cirurgia. Relativamente ao controlo da infeção este é efetuado recorrendo na maioria das situações a tratamento tópico. O uso de antibioterapia sistémica deve ser orientado por cultura tecidual ou suspeita clínica e não por cultura da superfície. É importante limitar o uso de antibióticos de largo espectro de modo a reduzir o aparecimento de resistência bacteriana. No que diz respeito à dor, esta deve ser monitorizada regularmente, devendo ser prescrita analgesia de acordo com as características e intensidade da dor.

A uniformização de cuidados permite ganhos em saúde, tempo e recursos. A criação de Comissões de Prevenção e Tratamento de Feridas é uma mais-valia, facilitando a interação entre profissionais e a difusão das melhores práticas.

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