Tutela admite criar soluções transitórias e urgentes para apoiar grávidas migrantes
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, defendeu a criação de soluções transitórias e urgentes para apoiar migrantes sem acompanhamento clínico que chegam às urgências de Obstetrícia com gravidezes já avançadas.
“Temos de encontrar soluções transitórias e urgentes para que estas mulheres grávidas não fiquem sem assistência”, disse Ana Paula Martins à margem do encontro “Para Além do Papel de Doente: Reformulando a Investigação Juntos, da Investigação Pré-clínica até à Prestação de Cuidados de Saúde”, que decorreu, ontem, no Porto.
O Jornal de Notícias noticiou que a taxa de mortalidade materna subiu em 2022 para os 13,1 óbitos por 100 mil nados-vivos, contra 8,8 em 2021. Segundo o periódico, os peritos alertam para grávidas com doença associada e migrantes sem acompanhamento clínico e excluem relação com constrangimentos, naquele ano, nos serviços de Ginecologia e Obstetrícia.
Convidada a comentar estes dados e questionada sobre se o Governo está a elaborar algum plano para fazer face a estes números, Ana Paula Martins foi perentória: “Não há uma bola mágica e forma de resolver isto de um dia para o outro (…). Temos de ter uma intervenção o mais precoce possível nestas mulheres”, disse.
E lembrou que “muitas grávidas migrantes que chegam às urgências portuguesas vêm já em fase muito avançada e é pouco o conhecimento clínico sobre o seu percurso”. “Mas o SNS não deixa ninguém para trás”, garantiu.
Em declarações à Lusa, Ana Paula Martins disse que “se terá de garantir que grávidas ou mulheres em idade fértil são sinalizadas à entrada [em Portugal] para lhes ser atribuído, prioritariamente, um médico de família”.
Mas, reconhecendo que “há regiões do país onde se concentra uma parte destes migrantes que não tem cobertura suficiente de médicos de família”, como Lisboa e Vale do Tejo, a ministra da Saúde disse que terão de ser encontradas “outras soluções”. “A reorganização das urgências de Obstetrícia tem um objetivo secundário que é libertar as equipas de serviços de urgência que não são realmente urgentes para outras funções como consultas”, exemplificou.
LUSA
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