Resgate urgente
Bastonária da Ordem dos Enfermeiros

Resgate urgente

11 mil milhões de euros, mais coisa menos coisa segundo as últimas notícias, foi quanto o Estado português já gastou para salvar bancos falidos.  É preciso injetar mais 2.7 mil milhões na Caixa Geral de Depósitos. Aos que gritam, “é finanças, estúpido”, prefiro responder: faça-se política. Que é como diz, admitam-se as escolhas, tornem-se claras as estratégias e assumam-se as consequências.

Os últimos dados da OCDE não deixam margem para grandes dúvidas: Portugal precisa de mais 30 mil enfermeiros. Nos últimos cinco meses visitámos dezenas de hospitais, centros de saúde e lares. Encontrámos um serviço de urgência com 40 doentes para apenas três enfermeiros. Vimos o desespero das colegas de um centro de saúde onde seis enfermeiros respondem perante um universo de quarenta mil utentes. Ouvimos, incrédulos, que um hospital numa capital de distrito assegura as urgências durante a noite com apenas 4 enfermeiros.

É este o país da Caixa Geral de Depósitos e do Novo Banco, do BPN, BANIF e BPP. Um país que viu emigrar quase 13 mil enfermeiros nos últimos cinco anos. Portugal forma enfermeiros, mas não contrata. O país gasta cerca de 25 mil euros num plano de estudos para depois entregar esse profissional, altamente qualificado, a um sistema de saúde algures por esse mundo fora. Estamos a desperdiçar recursos. O país não precisa de manter este ritmo de formação de enfermeiros. Precisa de contratá-los.

Sabemos que não se resolve num ano uma carência estrutural desta dimensão. É por isso que propusemos ao Governo e aos partidos com assento parlamentar um compromisso para a próxima década: contratar 3.000 enfermeiros por ano até 2026. As contas estão feitas. Custa 64 milhões de euros, o que corresponde a pouco mais de 0,5% do orçamento da Saúde. Trocos no país do Fundo de Resolução.

Nos últimos anos Portugal fez contas a quase tudo. Já sabemos quanto custa salvar um banco, precisamos agora de reflectir sobre quanto vale cuidar de uma vida. Porque ao contrário do que possa pareceeste não foi um texto sobre números, mas sobre pessoas. Nós.

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