Polémica em Coimbra: registaram-se 40 casos de “violação” de serviços mínimos em três dias

Hospital de Coimbra considerou urgentes e abrangidas, por isso, nos serviços mínimos 80% das cirurgias agendadas - um valor anormalmente elevado.

A segunda greve cirúrgica dos enfermeiros começou no Centro Hospitalar de Coimbra no dia 8 de fevereiro, sendo que neste centro hospitalar não vigorou a requisição civil imposta pelo Governo por alegada violação de serviços mínimos em quatro hospitais.

Segundo emails enviados ao gabinete da ministra da Saúde, no primeiro dia de greve, o bloco operatório central do CHUC apenas realizou nove das 20 cirurgias identificadas como serviços mínimos. Entre as onze que foram adiadas estavam casos de doentes em tratamento oncológico e idosos com fraturas do colo femoral.

A 11 de fevereiro, o CHUC voltou a reportar ao Ministério da Saúde 19 cirurgias adiadas entre as identificadas como serviços mínimos, novamente incluindo neoplasias malignas e até um aneurisma cerebral “com risco de rutura”.

No dia seguinte, no bloco operatório central dos Hospitais da Universidade de Coimbra terão sido adiadas cirurgias a 10 doentes que tinham sido incluídas em serviços mínimos, segundo mensagem dirigida ao gabinete da ministra Marta Temido. Entre esses 10 doentes estava um caso de aneurisma cerebral múltiplo, dois tumores cerebrais e um cancro do estômago.

CHUC terá empolado o número de cirurgias urgentes?

No entanto, em pelo menos três dias, cerca de 80% das cirurgias programadas foram consideradas suficientemente urgentes para serem incluídas no serviços mínimos – um valor invulgarmente elevado. A 8 de fevereiro, o bloco operatório central do CHUC tinha 22 doentes para cirurgia programada e só dois não foram incluídos nos serviços mínimos.

Das 72 cirurgias programadas em três dias no bloco central do CHUC, 51 eram em doentes identificados como serviços mínimos. No dia 11 de fevereiro, dos 29 doentes marcados para cirurgia programada, 25 foram considerados como sendo serviços mínimos. No dia seguinte, dos 21 doentes incluídos em cirurgia programada foram incluídos 16 em serviços mínimos.

O CHUC conclui que “existe violação dos serviços mínimos”, considerando a indicação médica. Segundo o centro hospitalar, o adiamento daquelas cirurgias ocorreu porque “os recursos foram diminuídos devido à greve cirúrgica, por indicação do sindicato Sindepor, que distribuiu comunicação mencionando outra tipologia de serviços mínimos”.

LUSA

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