23 Set, 2021

Pandemia provocou atraso de diagnósticos e tratamentos dos doentes com dor crónica

Especialistas alertam que muitos doentes "ficaram por diagnosticar ou adiaram os tratamentos e exames”.

A situação excecional provocada pela COVID-19 veio alterar significativamente a organização do sistema de saúde, por força da própria doença, o que implicou uma resposta específica e imediata dos serviços de saúde.

Os sucessivos confinamentos e restrições que a pandemia obrigou tiveram um impacto muito significativo nas Unidades de Dor, sendo crucial a reorganização e adaptação dos serviços e dos profissionais de saúde por forma a manter os cuidados assistenciais prestados aos doentes com dor crónica.

Segundo a Dr.ª Ana Pedro, Coordenadora da Unidade de Dor do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca e Presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED), “com a pandemia, houve um forte impacto do ponto de vista organizacional. Houve necessidade de reorganizar serviços e de instituir procedimentos e formas de atuar diferentes. Foi necessário diminuir o movimento de pessoas, evitar circulação cruzada e alocar os profissionais de saúde por forma a reforçar as Unidades de Cuidados Intensivos”.

Também o Dr. Nuno Franco, Especialista em Anestesiologia e Responsável pela Consulta de Dor Crónica no Centro Hospitalar do Médio Tejo, sublinha que “os doentes com dor crónica tentaram evitar as consultas presenciais devido ao desconhecimento profundo da doença COVID-19 e das medidas de prevenção nos próprios hospitais. Desta forma, houve doentes que ficaram por diagnosticar ou que adiaram os próprios tratamentos e exames complementares”.

Para além da realocação de recursos humanos e da maior pressão a nível do número de internados, “as Unidades de Dor passaram a aturar muito através do contacto telefónico, pelo que foi necessário desenvolver esta dinâmica e aumentar o contacto entre os hospitais e os doentes. Os doentes com dor crónica têm alguma dificuldade em transmitir algumas informações via telefone, dada a conhecida subjetividade da dor, sendo, por isso, crucial a consulta presencial. Esta foi uma das maiores dificuldades que sentidas enquanto profissional de Saúde“, explica a Dr.ª Nádia Andrade, Coordenadora da Unidade Terapêutica de Dor da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, EPE.

Estima-se que a prevalência da dor crónica em Portugal seja de 37%, o que significa que um em cada três portugueses vive com dor crónica1. É a segunda doença mais prevalente em Portugal e é causadora de morbilidade, absentismo, dependência, afastamento social e incapacidade temporária ou permanente, gerando elevados custos aos sistemas de saúde, com grande impacto na qualidade de vida do doente e das famílias2.

O Retrato das Unidades de Dor no contexto da pandemia de COVID-19 foi um dos temas em discussão no Fórum e-Futuro, um dos maiores eventos sobre dor crónica em Portugal, realizado pela Grünenthal, este ano em formato exclusivamente digital, que reuniu palestrantes nacionais e internacionais de renome, incluindo a Dr.ª Ana Pedro, o Dr. Nuno Franco e a Dr.ª Nádia Andrade.

COMUNICADO

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