“O principal objetivo é esclarecer, informar e deixar cair tabus e preconceitos acerca do cancro da mama”
A 4.ª edição do Congresso do Cancro da Mama do Algarve (CCMA) vai realizar-se a 14 e 15 de fevereiro, em Lagos, sob a temática central “A Saúde na Era digital: A Tecnologia como aliada?” O CCMA é uma iniciativa da Tecnifisio – Fisioterapia Especializada e bem-estar, sendo organizado a partir do presente ano pela Mamativa, uma associação que incorpora um centro integrativo, com o intuito de apoiar doentes oncológicos com cancro de mama através de uma visão holística e multidisciplinar. Jacqueline Tavares, fisioterapeuta, presidente da Associação Mamativa e co-fundadora do CCMA, em conjunto com a fisioterapeuta Tânia Camilo, fala sobre o evento.
Qual é o principal objetivo desta edição do congresso em termos de impacto para os participantes e para a comunidade em geral?
O Congresso do Cancro da Mama do Algarve, independentemente da edição, terá sempre o mesmo objetivo: informar e desmistificar conceitos acerca do cancro da mama, quebrando tabus e preconceitos associados à doença. Esta iniciativa surge da necessidade de esclarecer. Eu e a Tânia (Tânia Camilo, co-fundadora do CCMA) começámos a perceber que durante as nossas consultas surgiam dúvidas relacionadas ao diagnóstico, medos associados aos tratamentos e falta de informação sobre tudo o que vinha depois da cirurgia (incluindo efeitos secundários). Daí surge o CCMA, um evento na região Sul que reúne especialistas de várias áreas da saúde, que têm o propósito de deixar “cair por terra” todas as questões sem resposta que temos em relação ao cancro da mama.
Qual o público-alvo do congresso?
O CCMA distingue-se dos demais por ser uma iniciativa que acolhe profissionais de saúde, doentes oncológicos e seus cuidadores, e ainda a comunidade em geral que sejam interessados pelo tema ou apenas curiosos. Para além de unir o setor privado e o setor público.
Pode tornar-se confuso ser um público-alvo tão abrangente, mas sendo o propósito do CCMA difundir conhecimento e desmistificar algumas abordagens, não fará sentido criar um espaço onde os profissionais de saúde podem debater? Onde os doentes oncológicos e seus cuidadores podem esclarecer as suas dúvidas, com os especialistas de várias áreas médicas? Onde esclarecemos a população em geral que pode ou não vir a ter contacto com a doença no seu ciclo de vida?
O tema central é “A Saúde na Era digital: A Tecnologia como aliada?”, porquê?
Esta edição em específico, “Saúde na Era Digital: A Tecnologia como aliada?” surge como reflexo da evolução tecnológica dos dias de hoje. Na saúde tem sido cada vez mais investigado o papel da tecnologia, como vetor de otimização dos cuidados de saúde e de eficiência dos próprios tratamentos.
Portanto sim, a 4.ª edição vem responder à questão que colocamos no tema, “Será a tecnologia uma aliada?”, mostrando qual o impacto das descobertas tecnológicas na jornada oncológica e de que forma pode, ou não, impactar a abordagem humanizada neste contexto.
Que temas ou áreas específicas relacionadas com o cancro da mama serão abordados neste congresso? Porquê?
Em todas as edições abordamos temáticas que consideramos essenciais quando se fala de cancro da mama, nomeadamente a pré-habilitação, tipos de tratamento e reabilitação. Neste edição, para além do que foi supramencionado, iremos focar no diagnóstico precoce e o impacto da evolução das tecnologias de imagem e análise de dados; nos tratamentos personalizados através da inteligência artificial; no apoio contínuo do doente oncológico durante e após os tratamentos, através de aplicações móveis, plataformas on-line e dispositivos wearable; e ainda nos avanços científicos nomeadamente no papel da tecnologia como catalisador da investigação e desenvolvimento de novas terapias e abordagens para o cancro da mama.
Quais são os principais benefícios em se abordar o cancro da mama de forma holística? Vão estar presentes profissionais de que áreas?
Na Tecnifisio-Fisioterapia Especializada e Bem-Estar, espaço onde trabalhamos (as co-fundadoras do CCMA), defendemos que cada utente deve ser visto como um todo. Esta ideologia automaticamente migrou para a forma como apresentamos todos os programas das edições do CCMA. A abordagem holística e integrativa tem sido cada vez mais estudada na área oncológica, onde se combina os tratamentos convencionais com as abordagens complementares, não focando apenas na doença, mas sim em todo o utente (quer a nível físico, emocional ou mental). Esta sinergia, tem mostrado uma redução nos efeitos colaterais dos tratamentos, que promove uma melhoria da qualidade de vida. Para além disso, esta abordagem holística faz com que o próprio utente sinta que tem um papel ativo no seu tratamento, nomeadamente através da prática de exercício físico (aumenta a mobilidade e diminui a fadiga), da realização de acupuntura (alivia náuseas, melhora o sono, dores).
À semelhança de outras edições, estarão presentes profissionais de saúde de diferentes áreas, nomeadamente médicos oncologistas, cirurgiões, radioncologistas, dermatologistas, nutricionistas, técnicos especialistas do exercício físico, psicólogos e sexólogos, especialistas em medicina tradicional chinesa com vertente em Oncologia Integrativa, fisioterapeutas da área da Oncologia e Saúde Pélvica e investigadores.
Quais são os próximos passos para a Mamativa em termos de apoio aos doentes oncológicos?
Ainda estamos muito no início deste projeto. Mas, se tudo correr bem, será um espaço onde os doentes com cancro de mama se vão sentir acolhidos e apoiados em cada passo da sua jornada oncológica. Não irei desvendar muito do que projetamos para o futuro da Mamativa, contudo acredito que faremos um ótimo trabalho, fazendo crescer este projeto ainda embrionário.
Quais as expectativas da comissão organizadora?
Nós acreditamos sempre que o presente ano será melhor que o anterior, não só a nível de conteúdo, mas também na quantidade de participantes que se juntam a nós. E o acreditar, converte-se em muito trabalho durante um ano inteiro. Não é fácil realizar uma iniciativa como esta e nenhuma de nós tinha noção disso, quando decidimos embarcar nesta aventura. A verdade é que mesmo sendo uma equipa muito reduzida, permanecemos com a mesma vontade desde a 1.ª edição: fazer do Congresso do Cancro da Mama do Algarve, uma iniciativa de referência na região Algarvia, pela sua índole diferenciadora ao agrupar profissionais de saúde, doentes oncológicos e população em geral, dentro de uma sala onde o principal objetivo é esclarecer, informar e deixar cair tabus e preconceitos acerca do cancro da mama.
Sílvia Malheiro
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