10 Dez, 2019

Misericórdias não conseguem suportar custos e exigem aumento do valor por utente

O presidente das Misericórdias alerta para as dificuldades que afetam as instituições que têm serviço de cuidados continuados e que podem colocar em causa o futuro.

Em causa, a baixa comparticipação pública por utente, que é de 62,25 euros diários, montante considerado insuficiente para os gastos.

“Na patologia de longa duração há, desde o princípio, um desfasamento entre os serviços que nós prestamos e a comparticipação pública”, disse o presidente do Secretariado Nacional da Uinão das Misericórdias, Manuel de Lemos, no final da cerimónia de tomada de posse para um novo mandato de quatro anos à frente daquela entidade.

Segundo o presidente da UMP, “com o aumento de encargos global e o aumento da complexidade [dos problemas] dos utentes [que chegam às instituições], tornou-se completamente impossível” para muitas instituições suportarem os custos de funcionamento, havendo provedores que já admitem que, se o contrato com o Estado não for negociado e aumentado o apoio público, terão o futuro das suas Misericórdias em causa.

“Os provedores estão preocupados, sobretudo, em relação à sustentabilidade das instituições”, disse Manuel de Lemos, que reconheceu, também, que os salários pagos nas Misericórdias são baixos, o que cria dificuldades na contratação de pessoal.

“O nosso salário mínimo não pode ser o salário médio das instituições”, afirmou. Perante este panorama, deixou um apelo ao ministro das Finanças, considerando que “isto tem a ver com razoabilidade”.

Na cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos sociais da UMP, o presidente da omissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana, José Traquina, alertou para os “tempos economicamente preocupantes para as Misericórdias” e defendeu ser “necessário que o Governo acompanhe a preocupação das instituições”.

A ministra da Saúde, Marta Temido, era esperada na tomada de posse, mas não esteve presente. Já a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, que também fora anunciada para o momento da posse, esteve nos trabalhos da Assembleia Geral da UMP na parte da manhã.

Manuel de Lemos foi reeleito presidente da UMP à frente da única lista candidata às eleições.

Manuel de Lemos é presidente do Secretariado Nacional da UMP desde janeiro de 2007 e os seus mandatos estão marcados pela criação da Unidade de Cuidados Continuados Bento XVI (Fátima) e Centro Luís da Silva (Borba), pela assinatura do decreto interpretativo com a Conferência Episcopal, pela participação das Misericórdias na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e pela devolução de hospitais às Misericórdias.

Em Portugal existem 388 Misericórdias ativas, que apoiam diariamente cerca de 165 mil pessoas em todo o país.

SO/LUSA

Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais