2 Jul, 2021

Médicos de família dizem ser “impossível fazer tudo (o que o governo pede)”

O presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar lamenta que os reforços anunciados pelo governo não tenham chegado aos centros de saúde.

Durante esta semana, o governo ouviu os especialistas para apurar a sensibilidade para um novo confinamento, mas os profissionais dos cuidados primários e da saúde pública dizem que a principal dificuldade continua a ser outra: a falta de recursos. Existem milhares de inquéritos em atraso e cada vez mais tarefas para as unidades de saúde.

Os médicos de família e saúde pública ouvidos pelo governo, acerca da hipótese de um novo confinamento, referiram que agora ainda há resposta hospitalar, mas queixam-se da falta de reforços e deixam um alerta. “É impossível fazer tudo o que nos pedem”.

O presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), Nuno Jacinto, em declarações ao Diário de Notícias, assumiu que as unidades de cuidados primários estão “com muita dificuldade em lidar com tudo. Temos vindo a alertar consecutivamente ao longo dos últimos meses, mas parece que ninguém nos ouve ou que não nos quer ouvir”.

“É impossível os médicos de família fazerem tudo o que têm para fazer e tudo o que nos pedem. Estamos sempre a trabalhar no limite e sempre que há alívio de uma qualquer tarefa é logo encontrada outra para substituir essa e sobrecarregar-nos ainda mais”, reforça.

O médico relembrou, que desde o início da pandemia, o governo fala do reforço de profissionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas nos cuidados primários, “continuamos a ser os mesmos nas unidades”, que têm de acompanhar os casos dos doentes infetados e dos que se encontram em vigilância, e “para além disto, continuam a pedir-nos que retomemos a atividade programada, que vigiemos grupos de risco, que façamos rastreios e, agora, ainda nos pedem que façamos testes rápidos aos utentes que assim o desejarem”.

Os vários especialistas, médicos, epidemiologistas, pneumologistas e intensivistas portugueses, que estão a ver as enfermarias e unidades de cuidados intensivos a encher, fazem o mesmo apelo que a Organização Mundial de Saúde: disciplina dos cidadãos e das autoridades.

SO

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