Mais de 1200 médicos recém-especialistas aguardam colocação há três meses
Médicos concluíram o internato há três meses mas ainda aguardam a publicação do mapa de vagas. Ordem dos Médicos acusa Ministério da Saúde de "inércia".
A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) criticou “a incapacidade do Ministério da Saúde” de contratar os 1.212 médicos recém-especialistas que aguardam a publicação do mapa de vagas, três meses após concluírem o internato.
Em comunicado, a SRCOM alertou que “são três meses de indefinição por parte da tutela, com consequências dramáticas nos recursos humanos do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.
O presidente da SRCOM, Carlos Cortes, contou que, “na região Centro e no resto do país, são notórias as dificuldades que o SNS está a atravessar, nomeadamente em recursos humanos médicos”. “É urgente contratar os 1.212 médicos que aguardam que seja desencadeado o processo de colocação de especialistas que fazem falta aos hospitais e centros de saúde”, defendeu.
No seu entender, “o Ministério da Saúde tem sido o principal obstáculo à resolução dos problemas do SNS, por inação e incapacidade de reação, até porque, para além dos atrasos na contratação de médicos especialistas, há outra preocupação a ter em conta: a distribuição das vagas pelo país”.
Carlos Cortes considerou que essa distribuição tem sido feita “ignorando a disponibilidade dos médicos para se fixarem em áreas e locais considerados carenciados”.
“Nos anos anteriores, o ministério abriu vagas onde não havia médicos interessados e, em simultâneo, não as abria em locais carenciados nos quais médicos já tinham mostrado disponibilidade para exercer”, lamentou.
Para o responsável, “é inconcebível esta inércia do Ministério da Saúde” e, “em resultado desta indefinição, muitos jovens especialistas acabam por desmoralizar e tentar outras vias para além do Serviço Nacional de Saúde”.
Segundo a SRCOM, dos 1.212 médicos para contratar, há 332 médicos de família, 147 internistas, 71 anestesiologistas, 26 ginecologistas/obstetras, 29 cirurgiões gerais, 21 especialistas de saúde pública, 25 pneumologistas, 21 intensivas, 61 pediatras, 15 infeciologistas, 25 neurologistas, 21 oftalmologistas e 51 psiquiatras, entre outras especialidades.
Estes jovens especialistas aguardam a abertura do concurso desde a conclusão das provas referentes ao exame para a obtenção do grau de especialista.
“O impacto negativo deste atraso é tremendo. Os doentes são os mais prejudicados. É uma situação intolerável e o que se passa, por exemplo, nas urgências hospitalares, é o resultado de falta de planificação e na incúria gestão de recursos humanos”, criticou Carlos Cortes.
Neste âmbito, exortou o Ministério da Saúde a resolver “este inadmissível atraso, fazendo o trabalho que lhe compete”.
SO/LUSA
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