Literacia em Saúde: Do chavão à ação
Diretora de Informação do SaúdeOnline

Literacia em Saúde: Do chavão à ação

Se tivesse que eleger a palavra mais ouvida, no decorrer deste ano, no domínio da saúde, essa palavra seria “literacia”.

Não que este seja um conceito inovador, que não é. Foi em 1998 que a OMS definiu literacia em saúde como “o conjunto de competências cognitivas e sociais e a capacidade dos indivíduos para ganharem acesso a compreenderem e a usarem informação de formas que promovam e mantenham boa saúde; a capacidade para tomar decisões em saúde fundamentadas, no decurso da vida do dia a dia – em casa, na comunidade, no local de trabalho, no mercado, na utilização do sistema de saúde e no contexto político; possibilita o aumento do controlo das pessoas sobre a sua saúde, a sua capacidade para procurar informação e para assumir responsabilidades”.

Não que as mais-valias do aumento da literacia em saúde não estejam há muito identificadas, que o estão. Vários estudos desenvolvidos ao longo dos anos revelam que populações com níveis mais elevados de Literacia em Saúde evidenciam um conjunto de indicadores positivos, como: melhor utilização dos serviços de saúde, participação ativa e informada nos cuidados de saúde, diminuição dos gastos com a saúde, redução das desigualdades em saúde e melhores resultados de saúde, assim como o aumento do bem-estar.

Será então, este, o momento oportuno para se passar, de vez, do chavão à ação? Terão a pandemia de covid-19 e as suas lições em termos de saúde pública contribuído para o crescente reconhecimento deste conceito-chave? Em janeiro, foi constituída a Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde, com a missão de “prosseguir fins científicos, formativos, técnicos, organizativos, éticos e humanos na promoção, desenvolvimento e aperfeiçoamento da prática da Literacia em Saúde”. Já em abril, foram conhecidos os resultados do Health Literacy in Portugal: Results of the Health Literacy Population Survey Project 2019–2021, levado a cabo pela Divisão de Literacia, Saúde e Bem-Estar da Direção-Geral da Saúde (DGS), que mostram que “sete em cada 10 pessoas em Portugal Continental apresentam níveis de literacia elevados” e que “a navegação dentro do sistema de saúde continua a ser uma das tarefas mais desafiantes para os utilizadores”.

A literacia em Saúde é um call for action para todos, sem exceção. Médicos e jornalistas desempenham um papel de charneira, com desafios inerentes a cada uma das atividades. Comunicar a mensagem científica de forma relevante e compreensível implica uma parceria efetiva e consciente entre todos os agentes no processo. Nunca tivemos acesso a tanta informação como hoje, mas também nunca fomos tão bombardeados com contrainformação e fake news.

Assumamos, então, ativa e conscientemente este nosso papel!

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