9 Jan, 2019

Lisboa e Alentejo concentram mortalidade mais elevada por cancro colorretal

Os valores mais elevados de risco de incidência de cancro colorretal tendem a localizar-se no litoral Norte e Centro e os da mortalidade em Lisboa e Vale do Tejo e no Alentejo.

O estudo “Padrões geográficos da incidência e mortalidade por cancro colorretal nos concelhos de Portugal Continental em 2007-2011” foi realizado no âmbito do doutoramento de Rita Roquette, especialista em sistemas de informação geográfica do Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (INSA).

A investigação, que será apresentada hoje no Seminário Ricardo Jorge: Cancro do cólon em Portugal, em Lisboa, teve como objetivo “descrever e comparar os padrões geográficos da distribuição da incidência (utilizando dados fornecidos pelos Registos Oncológicos Regionais) e da mortalidade (utilizando dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística) por cancro colorretal em Portugal continental (2007 e 2011)”, afirmou Rita Roquette, em declarações por escrito à agência Lusa.

A investigação concluiu que “a distribuição geográfica tanto da incidência como da mortalidade por cancro colorretal é heterogénea nos concelhos de Portugal continental no período de análise. Essa heterogeneidade é maior na incidência do que na mortalidade”, disse a investigadora.

Rita Roquette adiantou que “os valores mais elevados de risco de incidência de cancro colorretal tendem a localizar-se no litoral Norte e Centro. Em relação à mortalidade, os valores mais elevados observam-se em LVT [Lisboa e Vale do Tejo] e Alentejo”.

Foi identificado no estudo, “para o sexo masculino, um maior risco simultâneo de incidência e de mortalidade elevadas por cancro colorretal em alguns dos concelhos na Região de Leiria, o que não se verificou para as mulheres nesta região, nem noutras regiões do Continente”.

Questionada sobre a explicação para esta situação, a investigadora disse que pode haver “diversas explicações”, provavelmente relacionadas com fatores de risco para o desenvolvimento deste tipo de cancro, com o estadio do cancro à data do seu diagnóstico, eventual subnotificação de novos casos, ou eventuais diferenças na codificação das causas de morte entre os concelhos.

“No entanto, a análise destes fatores não fez parte dos objetivos do estudo, pelo que não é possível fornecer uma hipótese de explicação mais concreta”, ressalvou.

O estudo recomenda que futuramente sejam realizadas mais investigações para pesquisar possíveis fatores de risco que possam explicar os padrões geográficos agora identificados.

Indica também que a realização de mais análises dos padrões geográficos do cancro colorretal, nomeadamente noutros períodos de tempo, podem ajudar a compreender as causas deste tipo de cancro e, assim, contribuir para a prevenção do seu aparecimento.

“A medida mais eficaz identificada na literatura internacional para prevenir o cancro colorretal é a adoção de comportamentos saudáveis, tais como fazer uma alimentação saudável, não fumar, e realizar rastreios ao cancro colorretal”, salientou Rita Roquette.

Com base nos resultados do estudo, foi desenvolvido um artigo que se encontra em fase de revisão para publicação.

Segundo os dados mais recentes sobre a incidência de cancro divulgados pela Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC), o cancro do cólon passou a ser, em 2018, a primeira causa de novos casos de cancro em Portugal.

No seminário será também apresentado um livro sobre subtipos moleculares de cancro do cólon e possíveis abordagens terapêuticas, coordenado por Peter Jordan, investigador do Departamento de Genética Humana.

LUSA

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