Interrupções voluntárias da gravidez diminuíram quase para metade em dez anos

Entre 2011 e 2021, as interrupções voluntárias da gravidez (IVG) em Portugal diminuíram 41%. No ano passado, registou-se mesmo a maior quebra no número de IVG dos últimos quinze anos, avança o jornal Público.

Em 2008, o primeiro ano de vigência da lei que despenalizou o aborto, foram realizadas 17.511 IVG. Nos primeiros anos, os números foram aumentando, até se atingir o pico em 2011, ano em que se fizeram 19.921 IVG. Agora, a DGS divulgou os dados provisórios dos últimos três anos completos, uma vez que últimos dados conhecidos diziam respeito a 2018, quando se fizeram  14.336 IVG em Portugal.

Em 2019 foram feitos 14.696 abortos; no ano seguinte, em 2020, as interrupções de gravidez desceram para as 13.777 e, em 2021, o número desceu para 11.640. Ou seja, de 2011 até 2021, registou-se uma redução do recurso à IVG superior a 41%.

Quanto à grande quebra registado de 2020 para 2021 (a maior de que há registo, superior a duas mil IVG), a DGS recorda que existe habitualmente um atraso na comunicação das IVG por parte dos profissionais de saúde, pelo que o número final de IVG realizados em 2021 poderá vir a aumentar, atenuando a dimensão da quebra. A descida pode também explicar-se com a diminuição forçada dos contactos, causada pela pandemia.

Ao mesmo tempo que se confirma a redução consistente do número de IVG, outra tendência é estabilização do tempo médio entre a consulta prévia e o momento da realização da IVG, que se manteve nos 6,22 dias em 2021 e 2020. Também sem alterações está o indicador referente à idade gestacional média com que as mulheres interrompem a gravidez, estabilizado nas sete semanas.

O grupo etário que realizou maior número absoluto de interrupções de gravidez continua a ser o dos 20-24 anos de idade, logo seguido dos 25-29 anos, mantendo-se a tendência decrescente no número de interrupções realizadas por adolescentes, refere a DGS.